Afeganistão: Talibãs encontram-se com delegação da UE e dos EUA no Qatar

Os talibãs no poder no Afeganistão, que continuam os seus esforços diplomáticos para obter apoio internacional, tiveram hoje as suas primeiras conversações com uma delegação conjunta dos Estados Unidos e da União Europeia no Qatar.

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© WAKIL KOHSAR/AFP via Getty Images

Lusa
12/10/2021 15:52 ‧ 12/10/2021 por Lusa

Mundo

Afeganistão

Os radicais islâmicos, que assumiram o poder em Cabul em agosto, enfrentam uma economia debilitada e a iminência de uma grave crise humanitária.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou na segunda-feira o mundo a fazer doações ao Afeganistão para evitar a sua ruína, embora também tenha criticado as promessas "quebradas" dos talibãs em relação às mulheres e raparigas afegãs.

Bruxelas já prometeu ajuda humanitária ao Afeganistão no valor de mil milhões de euros, considerando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que "o povo afegão não deve pagar pelas ações dos talibãs".

A responsável indicou que o programa de ajuda da União "se destina ao povo afegão e aos vizinhos do país que foram os primeiros a dar-lhe ajuda".

"O pacote inclui os já acordados 300 milhões de euros para fins humanitários" e este apoio "é acompanhado por ajudas adicionais especializadas para vacinação, alojamento, bem como proteção dos civis e direitos humanos", especificou a comissão.

As conversações diretas em Doha entre representantes dos talibãs da UE e dos EUA devem "permitir aos Estados Unidos e aos europeus abordarem problemas", como a liberdade de movimentos para os que desejam deixar o Afeganistão, o acesso à ajuda humanitária e os direitos das mulheres, segundo a porta-voz dos 27, Nabila Massrali.

Insistiu tratar-se de "uma conversa informal, ao nível técnico", que "não constitui um reconhecimento do 'governo interino'" talibã.

O regime talibã ainda não foi reconhecido por qualquer país.

Os talibãs já se tinham encontrado em Doha no sábado com responsáveis norte-americanos para as primeiras discussões diretas com Washington desde que tomaram o poder, tendo o seu chefe da diplomacia apelado aos Estados Unidos para estabelecer "boas relações" e não "enfraquecer o atual governo no Afeganistão".

As discussões com os talibãs têm sido facilitadas pelo Qatar, onde existe há anos um gabinete político do movimento fundamentalista.

Mutlaq al-Qahtani, enviado especial do ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, declarou hoje que a tomada do poder pelos talibãs é uma "realidade" a "ter em conta".

"O mais importante agora é interagir com eles", disse, adiantando que a "prioridade agora é a situação humanitária, a educação e a livre circulação" das pessoas que desejam abandonar o Afeganistão.

Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão em 2001 e derrubaram o regime dos talibãs, em resposta aos atentados de 11 de setembro planeados pela rede terrorista Al-Qaida acolhida no país. As tropas norte-americanas retiraram-se do país no final de agosto, no quadro de um acordo com o movimento radical.

A retomada do poder pelos talibãs levou à retirada do Afeganistão de mais de 100.000 pessoas que temiam maus-tratos ou atos de vingança por parte dos novos senhores do país.

Leia Também: UE aprova pacote de mil milhões para ajuda à população do Afeganistão

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