Reintegração da Síria na Interpol suscita receios de represálias

O anúncio da reintegração da Síria no sistema de trocas de informações da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), após uma suspensão de vários anos, está a preocupar ativistas e opositores no exílio, que temem possíveis represálias de Damasco.

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Lusa
13/10/2021 16:02 ‧ 13/10/2021 por Lusa

Mundo

Síria

 

Grupos de direitos humanos e opositores no exílio acreditam que o regime sírio irá utilizar a rede mundial da Interpol para perseguir dissidentes.

"Sabemos com certeza que o regime assassino de [Presidente sírio] Bashar al-Assad vai aproveitar esta decisão para continuar com os seus crimes contra os sírios que se insurgiram contra o seu mandato e que foram forçados a deixar o país para escapar" das perseguições, alertou hoje, em declarações à agência espanhola EFE, Nazir Hakim, da Coligação Nacional Síria, o principal grupo opositor sírio no estrangeiro.

No passado dia 07 de outubro, a Interpol reconheceu ter reintegrado a Síria, após uma suspensão decidida em 2012 no contexto do conflito civil em curso no país e das sanções internacionais contra o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

"Em linha com as recomendações do secretariado-geral, o comité executivo da Interpol decidiu levantar as medidas corretivas aplicadas à Síria", indicou, na altura, a organização num comunicado dirigido à agência France-Presse (AFP) depois de questionada sobre o assunto.

Nazir Hakim, membro do Comité Político da Coligação Nacional Síria, integra um novo órgão constituído pela coligação opositora que pretende dialogar com a Interpol.

As autoridades sírias, que têm sido acusadas de reprimir violentamente as vozes opositoras, nomeadamente através de desaparecimentos forçados, terão agora acesso a uma ampla rede internacional de informações e poderão emitir alertas a requerer a captura e a detenção de pessoas em qualquer dos 194 países que integram a Interpol.

Os detidos em questão poderão ser extraditados para a Síria, país que testemunhou a saída de cerca de seis milhões de pessoas por causa do conflito civil, que já entrou no seu 11.º ano.

De acordo com Nazir Hakim, o "regime de Bashar al-Assad" é liderado por alguns dos "criminosos mais infames do mundo", incluindo altas patentes militares e chefes de segurança, "que mataram centenas de milhares de civis inocentes e que usaram armas proibidas", situações que, recordou o representante, foram denunciadas pelas Nações Unidas.

"Escusado será dizer que estes criminosos é que deveriam estar na lista de procurados da Interpol, em vez da Interpol estar acessível a estes criminosos", concluiu.

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito civil na Síria já provocou mais de 494 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados, segundo os dados mais recentes, publicados em junho passado, do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Ao longo dos anos, o conflito ganhou uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.

Leia Também: Síria: Ancara responsabiliza EUA e Rússia por ataques às suas forças

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