Na sequência da denúncia em áudio que divulgou recentemente, a jovem, de 24 anos, formalizou hoje a queixa-crime contra o diretor da Rádio Nacional que acusa de assédio sexual.
"Eu vim apresentar a queixa no Ministério Público para ter a justiça, porque as pessoas estão a dizer que isso é uma mentira minha contra o diretor e também que eu quero difamá-lo", declarou a queixosa, à saída do Ministério Público (MP).
A denunciante reafirmou que há mais "testemunhas que foram vítimas de assédio" do diretor da Rádio Nacional, Silvério Amorim, e que as mesmas teriam denunciado o caso "perante uma reunião entre os funcionários" da estação e o "diretor não negou".
"Eu só quero que o Ministério Público faça justiça, que investigue esse caso", que ficou registado no MP sob o número 454/21, da segunda secção B) da Procuradoria-Geral da República são-tomense.
Este processo surge na sequência da denúncia da antiga estagiária, que acusou o diretor da estação de perseguição por não ter correspondido aos seus desejos sexuais.
"O senhor diretor queria que eu deitasse com ele, por esforço", denunciou a jovem, num áudio divulgado recentemente, onde revela que informou o secretário de Estado da Comunicação Social, em agosto do ano passado, sobre a situação, mas que não foi tomada "nenhuma medida".
"O mais grave aconteceu num determinado dia em que o senhor diretor me chamou para o seu gabinete, convencida eu que se tratava de um assunto de trabalho, mas para o meu espanto ele trancou a porta e me agarrou, tentando beijar-me", lê-se na carta da denunciante, com data de 28 de agosto de 2020, e endereçada ao secretário de Estado da Comunicação Social, Adelino Lucas.
O Governo são-tomense, através da secretaria de Estado da Comunicação Social, auscultou algumas funcionárias e testemunhas da Rádio Nacional, e na quarta-feira, concluiu que "a situação se revela de grande gravidade", pelo que decidiu suspender o diretor da instituição e mandar "instaurar um processo de inquérito sobre o assunto [denúncia de assédio sexual] junto da Inspeção Geral da Administração Pública".
Enquanto decorre o inquérito, o Governo nomeou uma comissão diretiva, presidida pelo antigo diretor e até então chefe do Departamento de Informação da Rádio Nacional, Maximino Carlos.
Integram ainda a comissão o atual chefe de departamento de programas, José Manuel Noronha, e a chefe de secção da Direção Administrativa e Financeira, Inês Correia.
A Lusa contactou o acusado, mas este recusou prestar declarações sobre assunto, referindo que "é um caso de foro judicial" e que também vai apresentar queixa contra a denunciante.
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