Tradicionalistas afluem a Roma após restrições pelo Papa a missa em Latim
A peregrinação anual a Roma dos católicos tradicionalistas teve início sexta-feira com a celebração de missas em latim, apesar das contestadas restrições impostas pelo Papa Francisco ao cerimonial antigo.
© Reuters
Mundo Igreja Católica
O serviço noturno das vésperas na basílica do Panteão de Roma, o primeiro evento da peregrinação de três dias, foi tão concorrido que os porteiros tiveram que adicionar duas fileiras de cadeiras para acomodar os fiéis, de acordo com a agência AP.
Muitas famílias jovens, casais e padres encheram os bancos, vindos dos Estados Unidos, França, Espanha e outros lugares.
Um dos "cerimoniais" do Vaticano, ou padres oficiais, Monsenhor Marco Agostini, celebrou o serviço noturno, que incluía cânticos em latim, incenso e paramentas de brocado com os padres voltados para o altar, em vez de para os fiéis, como na missa "moderna".
Muitas mulheres usavam véus de renda, ou mantilhas e muitos padres evitavam as máscaras, adianta a AP.
Em julho, o Papa Francisco impôs restrições à celebração da antiga missa em latim que o papa Bento XVI havia permitido em 2007.
O Sumo Pontífice justificou a decisão com o facto de a reforma de Bento XVI se ter tornado numa fonte de divisão na Igreja e aproveitada por católicos que se opõem ao Concílio Vaticano II, que nos anos 1960 atualizou a igreja e a sua liturgia.
A ação irritou os críticos conservadores, muitos dos quais chegaram a acusar o Papa de heresia e de diluir a doutrina católica com o seu foco no meio ambiente, justiça social e migrações.
Francisco tem respondido que prega o Evangelho e o que Jesus Cristo ensinou.
De acordo com a instrução papal, os bispos devem aprovar as celebrações da missa antiga, também chamada de Missa Tridentina, e padres recém-ordenados devem receber permissão explícita de bispos para celebrá-la, em consulta com o Vaticano.
Os bispos também foram incumbidos de determinar se os grupos atuais de fiéis vinculados à missa antiga aceitavam o Vaticano II, que permitia que a missa fosse celebrada em vernáculo em vez de em latim.
João Silveira, que organizou a peregrinação, disse à AP que aparentemente a grande maioria dos bispos está a permitir que a celebração da missa em latim "continue como estava".
"Descobri que as coisas não estão tão diferentes assim", disse Silveira após o culto. "O bispo tem mais poder de proibir, mas a maioria não está a usar o poder de proibir".
A peregrina Diana Catalan, uma enfermeira de 25 anos de Pamplona, Espanha, disse que o seu bispo restringiu a celebração do antigo rito a uma missa por semana, celebrada por um padre.
A peregrina veio sozinha a Roma e disse estar satisfeita por encontrar outras pessoas da comunidade ligadas à missa antiga.
"Acho que estamos cientes das circunstâncias e fizemos um esforço especial para mostrar que a tradição está viva", disse ela.
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