Conselho de Segurança da ONU apela a um cessar-fogo na Etiópia

O Conselho de Segurança das Nações Unidas apelou hoje a um cessar-fogo na Etiópica e manifestou "profunda preocupação" com a escalada do conflito neste país africano.

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© Reuters

Lusa
05/11/2021 23:50 ‧ 05/11/2021 por Lusa

Mundo

Etiópia

 

Num comunicado lido aos jornalistas pelo embaixador do México nas Nações Unidas, Juan Ramón, os membros do Conselho de Segurança da ONU "pedem o fim das hostilidades e a negociação de um cessar-fogo duradouro", exigindo também "a criação e condições que permita lançar um diálogo nacional inclusivo" que possa levar à resolução da crise.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se na próxima segunda-feira, na sequência do adiamento da reunião que estava marcada para hoje.

Os 15 países membros que têm defendido que se chegue a acordo sobre uma posição comum emitiram este comunicado numa altura em que, após um ano de guerra, os rebeldes de Tigray ameaçam marchar sobre Adis Abeba.

Hoje foi noticiado que nove grupos rebeldes etíopes -- incluindo os da região de Tigray - anunciaram que se aliaram contra o Governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed, numa fase em que a guerra se intensificou.

A aliança das nove milícias apresenta-se como Frente Unida das Forças Federalistas e Confederadas da Etiópia e junta à Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF, na sigla original), que tem estado na linha da frente do conflito, o Exército de Libertação Oromo (OLA), que é um grupo armado de etnia Oromo que já tinha formado uma aliança com a TPLF, e sete movimentos menos conhecidos "de alcance incerto", segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

As restantes sete organizações têm como origem várias regiões (Gambella, Afar, Somali e Benishangul) ou grupos étnicos (Agew, Qemant, Sidama) que compõem a Etiópia.

"Esta frente unida está a ser formada em resposta às crises que o país enfrenta" e "para inverter os efeitos

O Governo está em guerra há um ano no norte do país contra os rebeldes da TPLF, que nos últimos meses têm avançado para além da sua região, caminhando inclusive para a capital, segundo fontes locais.

A TPLF afirmou na quarta-feira ter chegado à cidade de Kemissie, na vizinha região de Amhara, a 325 quilómetros a norte da capital. Ali juntaram-se aos combatentes da OLA.

O Governo etíope nega qualquer avanço rebelde e disse na quinta-feira que não iria recuar nesta "guerra existencial".

Ambos os lados estão a ignorar os apelos dos EUA e da comunidade internacional para um cessar-fogo e dialogarem entre si para negociarem a paz.

O impacto desta aliança rebelde no conflito continua a não ser claro.

O conflito em Tigray começou em 04 novembro de 2020 e teve uma escalada nos últimos meses.

Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, declarou a vitória em 28 de novembro após enviar o exército para a região para retirar as autoridades dissidentes da TPLF, a quem acusou de atacarem as bases militares federais.

Mas em junho, os combatentes da TPLF assumiram a maior parte da região.

O Governo retirou as suas tropas e declarou um cessar-fogo unilateral em 28 de junho, mas os rebeldes continuaram a sua ofensiva nas regiões de Afar e Amhara.

Desde então, os combates alastraram-se aos estados vizinhos de Afar e Amhara e prosseguem agora em direção à capital etíope. As forças federais etíopes têm contrariado as ofensivas rebeldes sobretudo através da força aérea.

Leia Também: Amnistia diz que Estiópia está à beira de crise humanitária e de direitos

 

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