As obras deverão regressar na quarta-feira ao Benim, ao fim de 130 anos no estrangeiro, após a transferência de propriedade ter sido hoje formalizada no palácio do Eliseu, a sede da Presidência francesa, pelos ministros da cultura dos dois países, Roselyne Bachelot e Jean-Michel Abimbola.
"É um momento simbólico, comovente e histórico, que foi muito aguardado e inesperado", disse o Presidente francês, Emmanuel Macron, que em 2017 se comprometeu a restituir o património africano em França.
"Todo o povo do Benim vos exprime a sua gratidão", agradeceu o homólogo beninês, Patrice Talon, que se deslocou a França para participar na cerimónia.
No entanto, o chefe de Estado africano deixou um aviso: "A restituição das 26 obras é apenas uma etapa".
"Como querem que o meu entusiasmo seja total quando obras como o Deus Gou ou a tábua de adivinhação do Fâ continuam aqui em França, para grande prejuízo dos seus beneficiários?", disse Talon, prometendo regressar para outras restituições.
"Além desta restituição, vamos prosseguir o trabalho", prometeu por seu lado Macron.
Entre as obras agora restituídas, que estavam expostas no museu parisiense do Quai Branly, figuram estátuas totem do antigo reino de Abomei, assim como o trono do rei Béhanzin, saqueados do palácio de Abomei pelas tropas coloniais francesas em 1892.
As obras são esperadas com emoção em Cotonou, onde serão submetidas a dois meses de "aclimatização" às novas condições de clima e higrometria, antes de serem expostas durante três meses na presidência beninesa.
Irão de seguida para o antigo forte português de Ouidah e para a casa do governador, locais históricos da escravatura e da colonização europeia, enquanto se aguarda a construção de um novo museu em Abomei.
Num discurso em Ouagadougou em novembro de 2017, Macron comprometeu-se a tornar possível, num prazo de cinco anos, a restituição temporária ou definitiva do património africano em França. Segundo especialistas, 85 a 90% do património africano está fora do continente.
Desde 2019, além do Benim, seis países apresentaram a França pedidos de restituições: Senegal, Costa do Marfim, Etiópia, Chade, Mali e Madagáscar.
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