Segundo o estudo conjunto do Instituto de Investigação para a Coesão Social e do Centro Helmholtz de Munique, os especialistas excluíram outros fatores, como o número de escolas e de funcionários em teletrabalho, de qualquer influência nos resultados.
"Nos bairros onde a AfD obteve mais um ponto percentual, a incidência durante a fase inicial da primeira onda foi, em média, 2,2 pontos maior", destacou o sociólogo Christoph Richter, um dos autores do estudo, citado pelo semanário Der Spiegel.
A investigação partiu da premissa de que, nas regiões em que a extrema-direita alemã conta com maior apoio, a população é mais cética em relação às instituições democráticas e cumpre menos as medidas restritivas para combater a covid-19.
Os investigadores analisaram 411 circunscrições eleitorais, tendo em conta uma variedade de fatores demográficos e sanitários, tendo chegado à conclusão de que nas que a AfD recolheu mais votos registaram-se mais contágios com o novo coronavírus nas duas ondas da pandemia em 2020.
Nos estados federados da Saxónia e da Turíngia (leste), onde a AfD costuma obter resultados acima de 20%, a incidência nessa época foi particularmente elevada e a taxa de vacinação inferior à do resto do país.
"A suposição às vezes argumentada de que esta ligação é um fenómeno limitado à Alemanha Oriental não é confirmada", indicaram, porém, os autores do estudo, que não encontraram correlação semelhante com qualquer outro partido político.
Embora a investigação não tenha utilizado dados atuais, tendo em vista a atual situação epidémica, é de se supor que o fenómeno se manifeste ainda com mais força, sublinhou Richter, citado pelo canal de televisão alemão NTV.
"Isso é demonstrado pelo debate sobre a vontade de ser vacinado em regiões que atualmente têm incidências particularmente altas", explicou.
Uma sondagem do instituto de opinião Forsa, com base numa amostra de 3.000 pessoas e publicada em 11 deste mês, apontou que dois terços dos não vacinados votam na AfD ou no partido negacionista A Base.
Segundo a sondagem, a percentagem de votos dos extremistas entre os não vacinados é cinco vezes mais elevada do que na generalidade da população.
Hoje, na Alemanha, a incidência de casos de covid-19 registou um novo máximo em 12 dias consecutivos, numa altura em que o país se prepara para aumentar a pressão sobre os não vacinados.
A incidência acumulada a sete dias, que tem registado números recorde há 12 dias, atingiu um novo pico, com 340,7 novas infeções de coronavírus por 100.000 habitantes, perante 336,9 na quinta-feira e 263,7 há uma semana. Há um mês, o valor não ultrapassava os 75,1.
A covid-19 provocou pelo menos 5.130.627 mortes em todo o mundo, entre mais de 255,49 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
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