As vítimas da violência vão poder ter formação em carpintaria, serralharia, canalização, secretariado, eletricidade, entre outras áreas relacionadas, para poderem recomeçar a vida, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em comunicado.
Algumas das áreas, tradicionalmente reservadas para homens, vão também estar abertas a mulheres.
"As primeiras escolhas entre as mulheres inscritas no programa são cursos de canalização e eletricidade, provando que as mulheres moçambicanas estão dispostas a mudar os estereótipos", disse Samuel Chakwera, representante do ACNUR em Moçambique.
O trabalho será feito em parceria com o Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC) e abrange também jovens das comunidades de acolhimento.
"O apoio do ACNUR para este projeto totaliza mais de 11,7 milhões de meticais [163 mil euros]", refere a agência das Nações Unidas, com o objetivo de "dar ferramentas e aptidões" para a vida, bem como oportunidades de aprendizagem.
"Esta oportunidade contribui para a coesão social e promove a autossuficiência", além de promover "o desenvolvimento económico de Cabo Delgado", disse Chakwera.
Além de apoiar os custos de inscrição, o apoio do ACNUR permite a compra de ferramentas e consumíveis, 'kits' de trabalho e uma ajuda de custo para que os formandos possam atender à formação.
O apoio do ACNUR à iniciativa de formação profissional no IFPELAC terá continuidade em 2022.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.
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