De acordo com a agência francesa de notícias, AFP, o Presidente, Adama Barrow, recebeu hoje o relatório da comissão que investigou os relatos de violações de direitos humanos, a Comissão de Verdade, Reconciliação e Reparação, que fez 218 recomendações.
O documento, cuja entrega foi sucessivamente adiada e que não foi tornado público, refere-se aos atos alegadamente cometidos entre 1996 e 2016, quando o antigo ditador Yahya Jammeh estava no poder.
Uma das principais dúvidas é saber se a Comissão recomenda que Jammeh, no exílio, regresse à Gâmbia para ser julgado.
"Asseguro-vos [às vítimas] que será feita justiça e garanto a todos que dentro de seis meses produziremos um Livro Branco" sobre as recomendações, disse o Presidente durante a cerimónia de entrega do relatório.
A questão do papel futuro de Jammeh no Gâmbia é uma das principais questões da campanha para as eleições presidenciais de 04 de dezembro.
A entidade, criada em 2017, ouviu de janeiro de 2019 a 28 de maio de 2021 cerca de 400 testemunhas, vítimas, e também os antigos 'junglers' (membros dos esquadrões da morte, criados durante o regime de Jammeh).
No início de setembro foi anunciada uma aliança entre o partido de Adama Barrow e o de Yahya Jammeh, tendo em vista as eleições presidenciais de 4 de dezembro, em que o atual Presidente tenciona recandidatar-se.
O Centro para Vítimas de Violações de Direitos Humanos da Gâmbia considerou a aliança como uma "ameaça à implementação das recomendações da TRRC", e acusou Barrow de "abandonar os cidadãos gambianos" para "regressar aos braços deste tirano assassino e violador".
O Governo tem seis meses, a partir da data de publicação do relatório, para implementar as recomendações da TRRC.
A comissão tinha descrito as violações dos direitos humanos de Yahya Jammeh como "maciças, terríveis e diversas", num relatório intercalar divulgado em abril de 2020. Este relatório citava torturas, execuções extrajudiciais, violações, desaparecimentos forçados, detenções e prisões arbitrárias.
Yahya Jammeh esteve no poder entre 1994, através de um golpe de Estado, e 2016, quando perdeu as eleições para Adama Barrow. Durante seis semanas recusou-se a deixar o cargo, mas foi obrigado a deixar a Gâmbia, partindo para a Guiné Equatorial, através da intervenção militar da África Ocidental e da mediação da Guiné Equatorial e da Mauritânia.
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