Bolsonaro, um dos líderes mais céticos quanto à gravidade da pandemia, afastou que pudesse ordenar o encerramento de aeroportos no mesmo dia em que as autoridades sanitárias brasileiras recomendaram restrições a passageiros de seis países africanos onde uma variante nova do vírus SARS-CoV-2, identificada como B.1.1.52, foi detetada.
"Temos que aprender a conviver com o vírus. Não podemos fechar. Que loucura é essa? Se fecharmos o aeroporto o vírus não entra? Mas se já estivermos com o vírus aqui dentro", disse o Presidente brasileiro em conversa com um grupo de apoiantes em frente ao Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência, em Brasília.
Bolsonaro afirmou que a imprensa "sem noção" o critica e o chama de "genocida" pela sua gestão na pandemia, mas argumentou que o Brasil não é o único país que enfrenta dificuldades para conter a covid-19 e que a prova disso é a chegada de uma nova onda na Europa e noutros países.
"Outra onda da covid-19 está chegando. Isso é lamentável", disse o Presidente brasileiro.
As declarações de Bolsonaro coincidiram com a divulgação de recomendação que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao governo para impor medidas restritivas, temporariamente, a passageiros de seis países africanos, devido à nova variante do coronavírus, B.1.1.529.
Segundo a autoridade sanitária brasileira, o Governo deve restringir a entrada no Brasil de passageiros da África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbabué, onde esta nova variante do coronavírus que causa a doença covid-19, e que é considerada uma ameaça, já foi detetada.
"É uma variante que tem características mais agressivas e que, obviamente, requer medidas imediatas das autoridades sanitárias mundiais", afirmou o diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres.
O órgão regulador enviou um documento aos ministérios da Presidência da República, Saúde, Infraestrutura e Justiça no qual recomendava que bloqueiem a entrada de passageiros desses países no Brasil.
Outros países, como Reino Unido, Alemanha, Itália, Israel e Índia, já anunciaram controlos de fronteiras mais rígidos para viajantes dessas nações, enquanto os cientistas tentam determinar se a nova estirpe é mais transmissível, como temem as autoridades, e se é resistente às vacinas aplicadas atualmente.
Outros países fora da África, como Israel, Bélgica e Hong Kong, já confirmaram casos da nova estirpe.
A Anvisa também recomendou que o Brasil exija certificado de vacinação a todos os passageiros que desembarcam em aeroportos brasileiros do exterior, mas os ministérios da Justiça e do Turismo já se manifestaram contra essa possibilidade.
O Brasil é o segundo país que mais sofre com a pandemia, depois dos Estados Unidos, com mais de 613 mil mortos e 22 milhões de infetados.
A covid-19 provocou pelo menos 5.180.276 mortes em todo o mundo, entre mais de 259,4 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
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