"Estamos a prever que em meados de 2023 teremos uma vacina a sair da nossa produção científica na Biovac", disse Mmboneni Muofhe, do Ministério da Ciência e Tecnologia sul-africano.
O responsável ministerial pela Inovação Tecnológica, que falava em entrevista ao canal de televisão sul-africano ENCA, explicou que Pretória desenvolveu um polo de transferência da tecnologia mRNA, salientando que vários países já manifestaram interesse na aquisição da vacina sul-africana.
"Já existem pedidos de várias partes do mundo, incluindo da América do Sul, de países da Europa de Leste, da Ásia e também do continente africano", referiu.
Na entrevista em direto no canal de televisão sul-africano, Mmboneni Muofhe sublinhou que a África do Sul vai "liderar" a produção e distribuição da nova vacina contra a covid-19 por forma a assegurar a capacidade de produção local para vacinação contra futuros surtos do novo coronavírus, que causa a doença covid-19, e independente dos países ocidentais.
"Se a pandemia continuar ou se houver novos surtos do vírus, não queremos ser os últimos a receber a vacina", frisou o responsável ministerial sul-africano.
"O principal objetivo não é apenas fabricar localmente, também vamos formar fabricantes de outros países de baixa rendimento no fabrico das suas próprias vacinas", referiu Muofhe.
"Queremos ter a capacidade de resposta e ser nós a produzir nas nossas unidades industriais", vincou.
Em 25 de novembro, os cientistas e autoridades sanitárias da África do Sul anunciaram a deteção da nova variante Ómicron, do novo coronavírus SARS-CoV-2.
O anúncio resultou na suspensão imediata de viagens internacionais da África do Sul e da região Austral do continente africano, decretada por vários países ocidentais, incluindo Portugal.
De acordo com Mmboneni Muofhe, o novo centro foi montado em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em articulação com a "pool" de patentes científicas e vários "players" internacionais, que não especificou.
"Vale recordar a nossa excelência na investigação científica, porque algumas das vacinas [para a covid-19] atualmente disponíveis no mercado foram testadas clinicamente aqui na África do Sul, e por isso dispomos dessa capacidade e contamos também com a participação das nossas universidades e instituições científicas", salientou.
Na ótica do responsável sul-africano, o projeto vai também criar novas oportunidades de emprego no país para jovens licenciados e doutorados em várias áreas da ciência, permitindo à África do Sul inverter a atual dependência onerosa imposta pelas farmacêuticas internacionais na importação de vacinas.
No mês passado, a multinacional farmacêutica sul-africana Aspen e a multinacional Johnson & Johnson anunciaram um acordo para a produção na África do Sul de vacinas contra a covid-19 a partir da fórmula da segunda, a comercializar sob a designação "Aspenovax" e destinadas a África.
A sul-africana Aspen, que é a maior produtora farmacêutica do continente, disporá pelo menos até finais de 2026 desta licença, que inclui também a potencial produção futura de fórmulas modificadas da vacina para novas variantes.
"Apenas cerca de 3% das pessoas dos países de baixo rendimento estão completamente vacinadas, 7% em África, comparado com os dois terços na Europa", salientou Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).
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