Numa conferência de imprensa em Barcelona, depois de um encontro com organizações de defesa do bilinguismo, o líder do Partido Popular (PP), Pablo Casado, disse que "quem aponta o dedo a uma criança devido aos seus dogmatismos ideológicos é um doente moral", acrescentando que esse comportamento tem a "cumplicidade" do Governo central socialista.
O líder popular referia-se à controvérsia aberta pela imposição judicial de pelo menos 25% das aulas serem dadas em castelhano numa escola de Canet de Mar (Barcelona), onde a família que apresentou queixa em tribunal denunciou o "assédio" que teve de enfrentar.
Pablo Casado também avisou o Presidente do executivo regional (Generalitat), o independentista Pere Aragonès, e o responsável regional da Educação, Josep Gonzàlez-Cambray, que os levará a tribunal por "desrespeito às sentenças judiciais", sublinhando que, se persistirem, estão a cometer um crime de desobediência e outro de prevaricação.
Por outro lado, o líder do PP disse ao primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez que a aplicação do artigo 155 "não é de esquerda nem de direita" e lembrou-lhe que o ex-chefe do executivo central Felipe González, também do Partido Socialista espanhol (PSOE), iniciou o procedimento para a sua aplicação em 1989 por uma "pequena infração" feitas pelas Ilhas Canárias.
O artigo 155 da Constituição espanhola de 1978 é uma norma que dá ao Estado central um mecanismo coercivo para forçar as comunidades autónomas que não cumpram as obrigações impostas pelas leis a cumprir à força essas obrigações ou a proteger o que se considera ser o interesse geral.
O líder do PP propôs também a criação de um órgão de inspeção educacional para pôr fim à "doutrinação" na sala de aula e garantir "liberdade educacional", e anunciou que registou uma declaração institucional no Congresso dos Deputados (parlamento) para condenar o que está a acontecer em Canet de Mar (Barcelona).
Pablo Casado reiterou que o que está a acontecer na Catalunha é "apartheid linguístico".
A Catalunha (este de Espanha) é uma das 17 comunidades autónomas do país e é governada por uma coligação de partidos independentistas que tem ganho sucessivamente as eleições regionais desde 2015.
Os separatistas querem que as escolas da Catalunha utilizem a imersão linguística em catalão e utilizem o menos possível a língua espanhola.
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