Alemanha condena russo a perpétua por assassínio a mando de Moscovo
Um tribunal de Berlim condenou hoje a prisão perpétua um cidadão russo de 56 anos pelo assassínio, em agosto de 2019, de um exilado georgiano, supostamente a mando de Moscovo, caso que criou tensões entre Alemanha e Rússia.
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O tribunal considerou que Vadim Krasikov, também conhecido por Vadim Sokolov, assassinou a 23 de agosto de 2019 o georgiano Tormike Kavtarachvili, de 40 anos, que, como refugiado, tinha chegado à Alemanha em 2016, num crime cometido durante o dia em Tiergarten, no centro de Berlim.
Na sentença, os juízes do tribunal, que começaram a julgar o caso em outubro de 2020, negaram a possibilidade a Krasikov de sair em liberdade condicional nos próximos 15 anos.
O autor dos disparos circulava numa bicicleta e, refere-se na sentença, agiu, entre outros motivos, por "ganância", tendo, durante o julgamento, ficado comprovado que o assassino atuou "a pedido de posições estatais da Federação Russa", cujo objetivo era "eliminar um inimigo de Moscovo, oriundo da república autónoma da Chechénia e do governo pró-russo da Geórgia".
Para o Kremlin, Kavtarachvili era um "terrorista" que combateu na guerra na Chechénia ao lado dos rebeldes entre 2000 e 2004 e que, posteriormente, integrou as forças de segurança georgianas.
As autoridades de Moscovo sempre negaram as alegações.
O crime em Tiergarten, um bairro central da capital alemã que é conhecido por um enorme parque ali localizado com o mesmo nome, foi seguido de tensões entre Moscovo e Berlim, com a então chanceler alemã Angela Merkel a ameaçar impor "novas medidas" contra a Rússia se a justiça viesse a confirmar as suspeitas.
Meses depois do crime, Berlim expulsou dois diplomatas russos, acusando-os de "não contribuírem" para esclarecer o assassínio.
Krasikov, ou Sokolov, ficou em prisão preventiva a partir do momento em que foi detido, depois de ter sido identificado por testemunhas como o homem que atirou uma peruca, a bicicleta e a arma ao rio Spree.
"O acusado foi comandante de uma unidade especial dos serviços secretos russos FSB", garantiu Lars Malkiies, procurador do Ministério Público alemão ao apresentar as acusações, a 07 deste mês.
"[Krasikov] liquidou um opositor político em retaliação", acrescentou, referindo-se a "um ataque obviamente há muito preparado" e executado "a sangue-frio".
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