A reversão incomum foi comunicada pelo gabinete do governador texano, Greg Abbott, dois dias antes do Natal, época em que normalmente distribui os seus perdões anuais.
O endosso retirado foi recebido com indignação por uma advogada que apresentou o pedido de perdão para George Floyd.
O afro-americano passou grande parte da sua vida em Houston antes de morrer por asfixia por um polícia de Minneapolis, que manteve o joelho sobre o seu pescoço.
Allison Mathis, uma advogada de Houston, acusou o governador de fazer política antes das eleições primárias do Partido Republicano no Texas, em março do próximo ano, enquanto enfrenta adversários da ala de extrema-direita.
O nome de Floyd foi retirado em conjunto com outras duas dúzias de recomendações de clemência que foram submetidas pelo Conselho Estadual de Perdão e Condicional do Texas.
Numa carta datada de 16 de dezembro, mas não divulgada até agora, o Conselho disse ao governador que havia identificado "desvios inexplicáveis" no seu processo de concessão de indultos e era necessário reconsiderar mais de um terço das 67 recomendações de perdão.
Em outubro, o Conselho Estadual de Perdão e Condicional do Texas recomendou por unanimidade que George Floyd se tornasse na segunda pessoa daquele estado, desde 2010, a receber um perdão póstumo do governador.
"Como resultado da retirada da recomendação sobre George Floyd, o governador Abbott não teve a oportunidade de considerá-la", disse a porta-voz do governador texano, Renae Eze, citada em comunicado.
Allison Mathis chamou à reversão de última hora uma "farsa ridícula", afirmando que o Conselho não a informou sobre quaisquer problemas antes do anúncio do gabinete do governador.
"É muito difícil dizerem agora que não está conformidade, depois de o Conselho ter votado", apontou.
George Floyd cresceu e foi sepultado em Houston. Em julho, o ex-polícia Derek Chauvin, de Minneapolis, foi condenado a 22 anos e meio de prisão pelo assassínio do afro-americano, o que levou a uma discussão nacional nos Estados Unidos sobre o racismo e as forças policiais.
Os perdões restauram os direitos dos condenados e os perdoam aos olhos da lei.
No caso de George Floyd, a sua família e amigos disseram que um perdão póstumo no Texas mostraria um compromisso com a responsabilidade.
Em fevereiro de 2004, George Floyd foi preso em Houston por ter vendido 10 dólares de 'crack' e, mais tarde, se confessou culpado por tráfico de droga e cumpriu 10 meses de prisão.
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