"Isto seria uma grave violação do direito internacional, um obstáculo à solução de dois Estados e um grande fator desestabilizador para o Egito e a Jordânia", sublinharam os dois chefes de Estado, de acordo com um comunicado do Palácio do Eliseu (presidência francesa), após uma conversa telefónica.
Os dois governantes reiteraram ainda o seu "desejo de trabalhar em prol do respeito duradouro pelo cessar-fogo, bem como de uma solução fiável em Gaza que abra caminho a uma solução política baseada na solução de dois Estados".
Trump propôs na terça-feira, em conferência de imprensa em Washington com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "assumir o controlo" da Faixa de Gaza e reconstruí-la, transformando-a na nova "Riviera do Médio Oriente", depois de realojar definitivamente os palestinianos nos países vizinhos, que já rejeitaram esta ideia.
O Presidente norte-americano disse ainda que os residentes da Faixa de Gaza "ficariam felizes" por sair se tivessem a oportunidade de o fazer num "lugar agradável com fronteiras agradáveis".
O republicano não explicou como ou com base em que base legal executaria tal plano.
Já hoje, o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, e a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, recuaram na ideia de uma deslocalização permanente dos palestinianos de Gaza, apontando para uma transferência temporária para permitir a reconstrução.
A Autoridade Palestiniana, por seu lado, acusa Israel de "limpeza étnica" na Cisjordânia ocupada, onde o Exército israelita tem vindo a realizar operações mortíferas há várias semanas.
O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk, destacou hoje, em resposta ao plano de Trump, que "qualquer deportação ou transferência forçada de pessoas sem base legal é estritamente proibida".
As organizações de defesa dos direitos humanos reagiram criticando a proposta da Casa Branca e considerando-a ilegal.
A Human Rights Watch (HRW) enfatizou que o direito humanitário proíbe a deslocação da população de um território ocupado.
"Quando a deslocação forçada ocorre como parte da política de Estado e com intenção, pode ser considerada um crime de guerra e um crime contra a humanidade", apontou Omar Shaker, diretor da HRW para Israel e Palestina.
Rubio está na Guatemala no âmbito de uma viagem à América Central e à República Dominicana para abordar questões de migração e segurança, bem como para tentar reduzir a influência da China na região.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em Israel em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala, que provocou mais de 47 mil mortos, na maioria civis, e a destruição da maioria das infraestruturas do enclave, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas desde 2007.
O conflito também provocou cerca de 1,9 milhões de deslocados, de acordo com a ONU.
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