As acusações surgem no mesmo dia em que os rebeldes anunciaram, em Sanaa, ter conquistado o controlo de uma área que liga al-Yaouf, província no noroeste do Iémen, à fronteira com a Arábia Saudita, cujas tropas que auxiliam as forças governamentais tiveram de se retirar.
Nos últimos dias, a coligação liderada por Riade tem intensificado os ataques a posições dos Huthis, próximos do Irão, na capital Sanaa, controlado pelos rebeldes desde o início do conflito, em 2014.
A coligação, que apoia o Governo iemenita desde 2015, acusa o Irão e o Hezbollah libanês de terem militarizado" o aeroporto de Sanaa, fechado aos voos humanitários desde terça-feira passada na sequência dos ataques sauditas.
"O Hezbollah está a treinar os [soldados] Huthis para operações de ataque e para usar 'drones' [aparelhos voadores não tripulados] no aeroporto", acusou o general Turki al-Maliki, porta-voz da coligação, numa conferência de imprensa em Riade.
"Os Huthis estão a usar o aeroporto de Sanaa como principal ponto de lançamento de mísseis balísticos e drones" em direção à Arábia Saudita, acrescentou, divulgando imagens do que disse ser "a sede dos especialistas iranianos e do Hezbollah no aeroporto" na capital iemenita, bem como de homens que associou a membros do movimento xiita libanês, considerado "terrorista pelos sauditas".
Em Sanaa, num discurso transmitido na televisão estatal, o porta-voz dos rebeldes, Yahya Sarea, reivindicou a tomada da região de al-Yatama depois de violentos confrontos com as forças do Governo internacionalmente reconhecido do Presidente Abdo Rabou Mansour Hadi, atualmente exilado na Arábia Saudita.
Segundo Sarea, os rebeldes provocaram "grandes perdas nas forças inimigas" e apoderaram-se de uma "grande quantidade de armamento".
O avanço para al-Yatama significa a consolidação dos Huthis na província deserta de al-Yaouf, que faz fronteira com a estratégica província petrolífera de Marib, no sul da região saudita de Nayran, e o principal reduto dos insurgentes, a província de Saada.
A área de al-Yatama está localizada no centro de Jab Washaf, distrito que representa 82% da área total de al-Yaouf, por onde passa uma importante estrada que liga a província a Saada e Nayran e que os Huthis precisam para poderem avançar ao longo da fronteira com a Arábia Saudita.
Os insurgentes, apoiados pelo Irão, capturaram a capital da província de al-Yaouf em março de 2020 e desde então avançaram na direção de Marib, o último reduto do governo no norte do Iémen.
Os Huthis iniciaram uma ofensiva em larga escala em fevereiro passado para controlar Marib, que está a ser defendida por tropas do governo e com ataques aéreos da coligação árabe liderada pela Arábia Saudita.
A ofensiva, somada aos contínuos ataques transfronteiriços dos Huthis contra o território saudita, provocou a resposta da coligação árabe, que intensificou os seus bombardeamentos posições rebeldes próximas de Marib e também em Sanaa.
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