"O arcebispo Tutu foi uma figura da maior transcendência do mundo, que se destacou pela paz e por inspirar gerações ao redor do mundo. Durante os dias mais sombrios do Apartheid, ele foi um farol brilhante para a justiça social, liberdade e resistência não violenta", disse Guterres, num comunicado.
Desmond Tutu, arcebispo emérito sul-africano e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1984 pelo seu ativismo contra o regime de segregação racista do Apartheid, morreu hoje aos 90 anos e personalidades e líderes de todo o mundo salientaram a importância do seu testemunho de vida.
O secretário-geral das Nações Unidas destacou o prémio Nobel da Paz que Tutu recebeu em 1984, em reconhecimento pela sua "determinação incansável" em promover a solidariedade global.
Guterres lembrou que, enquanto presidente da Comissão de Verdade e Reconciliação na África do Sul, o arcebispo "deu uma contribuição incomensurável para garantir uma transição pacífica, mas justa, para uma África do Sul democrática".
"Embora a morte do arcebispo Tutu deixe um grande vazio na cena mundial e nos nossos corações, seremos sempre inspirados pelo seu exemplo para continuar a lutar por um mundo melhor para todos", concluiu o líder da ONU, para quem Tutu sempre mostrou "grande sabedoria e experiência" com "humanidade, humor e coração".
No comunicado, Guterres também fez referência ao espírito multilateralista de Tutu e à sua colaboração com as Nações Unidas em várias missões, entre as quais destacou a participação como "membro ilustre" da Comissão Consultiva das Nações Unidas para a Prevenção do Genocídio, ou na missão de investigação na Faixa de Gaza, em 2008.
O secretário-geral da ONU recordou ainda que, nas últimas décadas, Tutu "continuou a lutar apaixonadamente perante muitos dos graves problemas de nosso tempo: pobreza, mudanças climáticas, direitos humanos e SIDA, entre outros".
Desmond Tutu ganhou notoriedade durante as piores horas do regime racista na África do Sul, quando organizava marchas pacíficas contra a segregação, enquanto sacerdote, pedindo sanções internacionais contra o regime branco em Pretória.
Com o advento da democracia, 10 anos depois, o homem que deu à África do Sul o nome de "nação arco-íris" presidiu à Comissão de Verdade e Reconciliação criada com o objetivo de virar a página sobre o ódio racial, mas as suas esperanças foram rapidamente frustradas. A maioria negra adquiriu o direito de voto, mas continua em grande parte pobre.
Depois do combate ao apartheid, Tutu empenhou-se na reconciliação do seu país e na defesa dos direitos humanos.
Contra a hierarquia da igreja anglicana, defendeu os homossexuais e o direito ao aborto, tendo nos últimos anos aberto como nova frente de combate o direito ao suicídio assistido.
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