O cenário é o do dia seguinte ao Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, conhecido como Farmajo, ter anunciado o afastamento do primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble, culminando uma "guerra" entre os dois, iniciada há vários meses e que endureceu nos últimos dias.
"Não estão longe dos principais postos de controlo que rodeiam o palácio presidencial, estão equipados com metralhadoras pesadas e lança-granadas", disse em declarações à agência France-Presse Saido Mumin, um morador do bairro presidencial.
Outro residente do mesmo bairro, Abdukadir Ahmed, disse que, embora a situação seja calma, estava "muito preocupado" com um possível surto de violência.
Farmajo começou por retirar ao primeiro-ministro, no sábado, a responsabilidade de organizar as eleições previstas desde o início do ano e depois "suspendeu-o" de funções esta segunda-feira, acusando-o de envolvimento num caso de corrupção.
No mesmo dia, Roble acusou o Presidente de tentativa de "golpe contra o Governo, a Constituição e as leis do país".
"Uma vez que o Presidente, aparentemente, decidiu destruir as instituições governamentais (...), dou ordens a que todas as forças nacionais somalis trabalhem a partir de hoje sob o comando do gabinete do primeiro-ministro", anunciou Roble, numa conferência de imprensa na segunda-feira.
"Alguns círculos políticos e líderes tradicionais iniciaram conversações com ambas as partes para desanuviar a crise, mas os esforços ainda estão em curso", segundo disse um funcionário do gabinete presidencial à AFP, que falou sob condição de anonimato.
A secção de África do Departamento de Estado norte-americano disse na segunda-feira que Washington está "preparada para intervir contra aqueles que obstruírem o caminho para a paz na Somália".
"A tentativa de suspensão de @MohamedHRoble é perturbadora e apoiamos os seus esforços para realizar eleições antecipadas e credíveis", fez saber o Departamento de Estado dos EUA na rede social Twitter, em que apelou também a "todas as partes para evitarem uma escalada nas ações e declarações".
Os aliados da Somália - incluindo a missão da ONU na Somália, Amisom, Estados Unidos, União Europeia e ONU - também expressaram "profunda preocupação" com a situação numa declaração conjunta na segunda-feira à noite.
"Exortamos os líderes somalis a colocarem os interesses do país em primeiro lugar, a promoverem o desanuviamento das tensões políticas, e a evitarem qualquer provocação ou uso da força que possa minar a paz e a estabilidade", afirmam os autores da declaração.
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