Rússia classifica como "agentes do estrangeiro" membros das Pussy Riot

A Rússia juntou hoje à sua lista de "agentes do estrangeiro" dois elementos da banda de 'punk rock' contestatária Pussy Riot e um escritor satírico de primeiro plano, prosseguindo a repressão das vozes críticas do Kremlin.

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Lusa
30/12/2021 20:35 ‧ 30/12/2021 por Lusa

Mundo

Contestação

Nadejda Tolokonnikova, uma das figuras de proa da banda feminina Pussy Riot, e Veronika Nikulchina, outro dos seus elementos, foram incluídas nessa lista, que tem agora 111 nomes, anunciou o Ministério da Justiça russo.

O escritor Viktor Chenderovitch, conhecido pelas suas críticas viperinas ao poder, recebeu a mesma classificação que obriga as pessoas e organizações visadas a identificarem-se como tal em cada uma das suas publicações.

"Essas pessoas forneceram sistematicamente documentos a um círculo indeterminado de pessoas, enquanto recebiam financiamentos do estrangeiro", afirmou o Ministério da Justiça.

Outras cinco pessoas foram hoje adicionadas à lista de "agentes do estrangeiro", entre as quais a jornalista Taïssiya Bekbulatova e o colecionador de arte Marat Gelman.

Nadejda Tolokonnikova foi um dos três membros das Pussy Riot condenados a penas de prisão em 2012, depois de terem cantado uma "oração punk" contra o Presidente russo, Vladimir Putin, na catedral de Cristo Salvador, em Moscovo, uma cena que tornou a banda mundialmente célebre.

Tolokonnikova reagiu à sua classificação como "agente do estrangeiro" publicando nas redes sociais uma foto sua erguendo o dedo do meio, com uma declaração afirmando que não se submeterá à obrigação legal de indicar esse estatuto nas suas publicações.

"A Rússia será livre!", exclamou.

Criada em 2012, a lei sobre os "agentes do estrangeiro", uma classificação que faz lembrar a de "inimigo do povo" da época soviética, foi primeiro aplicada a organizações não-governamentais (ONG), antes de ser alargada a órgãos de comunicação social e a pessoas.

As organizações de defesa da liberdade de expressão acusam o Governo russo de usar esse instrumento para silenciar as vozes críticas.

O ano de 2021 foi marcado por uma repressão generalizada na Rússia, nomeadamente com a prisão do opositor Alexeï Navalny e a interdição do seu movimento, mas também com a dissolução da emblemática ONG Memorial, esta semana.

Leia Também: Rússia ultrapassa Brasil e já é o 2.º país com mais mortes por Covid-19

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