Cazaquistão. EUA e ONU apelam a "resolução pacífica" da crise

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, pediu hoje ao seu homólogo cazaque, Mukhtar Tileuberdi, uma "resolução pacífica" da crise provocada pelos protestos sem precedentes no Cazaquistão.

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Lusa
06/01/2022 17:46 ‧ 06/01/2022 por Lusa

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Cazaquistão

No decurso de um contacto telefónico, "o secretário de Estado reiterou o pleno apoio dos Estados Unidos às instituições constitucionais e à liberdade dos 'media' e defendeu uma resolução pacífica e respeitadora dos direitos humanos face à crise", indicou em comunicado o seu porta-voz, Ned Price.

De acordo com a nota, Blinken comunicou a Tileuberdi que a estabilidade europeia constitui uma "prioridade" para Washington, e inclui o apoio norte-americano à soberania e integridade territorial da Ucrânia "em resposta à agressão russa".

Em Genebra, a responsável da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, também apelou às partes em conflito no Cazaquistão que se "abstenham de toda a violência", e pugnou por uma "resolução pacífica".

"As pessoas têm o direito de se manifestar pacificamente e de se exprimirem livremente. Por outro lado, os manifestantes, independentemente da sua cor política ou do seu descontentamento, não devem recorrer à violência", indicou em comunicado, onde também solicita a libertação das pessoas "detidas unicamente por terem exercido o seu direito de se manifestarem pacificamente".

De acordo com diversas agências noticiosas russas, que citam o Ministério do Interior cazaque, pelo menos 18 membros das forças de segurança foram mortos e 748 feridos nos tumultos que decorrem desde domingo.

Um anterior balanço referia-se a 13 mortos e 353 feridos nas fileiras das forças de segurança.

Segundo a mesma fonte, foram detidas pelo menos 2.298 pessoas envolvidas nos protestos.

"A situação é mais difícil em Almaty, onde elementos armados se apoderaram das instalações de diversas instituições, organizações financeiras e cadeias de televisão, que foram parcialmente destruídas", declarou o Ministério do Interior cazaque, citado pelas agências noticiosas russas.

"Estradas e uma linha de caminho de ferro também foram bloqueadas", acrescentou.

O Cazaquistão, o maior país da Ásia central, regista há vários dias massivos protestos que se iniciaram com manifestações após o anúncio do aumento dos preços do gás, e degeneraram em tumultos incontroláveis.

Em Almaty (sudeste), a maior cidade do país, os manifestantes atacaram e incendiaram edifícios oficiais, incluindo a câmara municipal e a residência presidencial.

As forças de segurança responderam com disparos de balas reais. Segundo as autoridades, "dezenas" de pessoas foram mortas e mais de mil ficaram feridas.

O Cazaquistão, com o apoio da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança militar que agrupa seis ex-repúblicas soviéticas, incluindo a Rússia, procura pôr termo aos distúrbios, que implicaram a declaração do estado de emergência no país pelo Presidente Kassym-Jomart Tokayev.

Com cerca de 18 milhões de habitantes, o Cazaquistão está a viver os protestos de rua mais graves desde que conquistou a independência, há três décadas.

A antiga república soviética da Ásia Central vende a maior parte das suas exportações de petróleo à China e é um aliado estratégico da Rússia, dois países seus vizinhos.

Leia Também: Cazaquistão: Governo impõe limites no preço dos combustíveis

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