Dick Cheney, vice-presidente durante a presidência de George W. Bush (2001-2009), e a filha, a congressista Liz Cheney, foram os únicos líderes republicanos presentes no edifício do Congresso, onde cumpriram o minuto de silêncio pedido pela presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.
Pelosi prestou homenagem aos agentes das forças de segurança que protegeram a sede do Congresso dos Estados Unidos, onde cinco pessoas morreram e 140 ficaram feridas quando, a 06 de janeiro de 2021, cerca de 800 apoiantes do então Presidente cessante, Donald Trump (2017-2021), invadiram o Capitólio, durante uma sessão conjunta das duas câmaras, para travar a certificação da vitória do atual Presidente, Joe Biden, nas eleições de novembro de 2020.
"Nesse dia e nos dias seguintes, [as forças de segurança] defenderam a nossa democracia, e a sua coragem e patriotismo continuam a ser uma inspiração", disse Pelosi no hemiciclo, depois de uma oração dirigida pela capelã da câmara, Margaret G. Kibben, e antes de fazerem um minuto de silêncio.
A presidente da câmara baixa do Congresso elogiou o trabalho dos agentes de segurança que nesse dia "derrotaram a insurreição", para que houvesse uma transição "pacífica do poder".
Num discurso cheio de referências históricas, Nancy Pelosi recordou que houve, no passado, agressões à democracia dos Estados Unidos e à integridade das eleições: "Sejamos fiéis à visão dos nossos fundadores, que brilhantemente criaram a nossa democracia e a transformaram num modelo para o mundo", sublinhou.
Pouco antes, no Senado, uma quinzena de senadores democratas proferiu discursos sobre a data e, ao meio-dia local, todos os presentes cumpriram também um momento de silêncio em memória dos que defenderam "não só este edifício, mas a democracia", nas palavras da senadora Amy Klobuchar.
O decano dos senadores, Patrick Leahy, de 81 anos, disse que nunca imaginou ver "uma tentativa de golpe cometida por um Presidente", ao passo que o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, advertiu de que "a venenosa mentalidade das massas" que provocou o ataque continua viva hoje nas fileiras republicanas.
Nenhum dos líderes republicanos do Congresso assistiu hoje aos eventos destinados a assinalar o insólito e trágico ataque ao Capitólio há um ano, numa nova demonstração da acentuada polarização política no país.
Em declarações à imprensa, Dick Cheney classificou as cerimónias de hoje como "um evento histórico" e disse estar "dececionado" por o Partido Republicano "não ter uma melhor liderança".
A sua filha, Liz Cheney, faz parte da comissão do Congresso que está a investigar os factos ocorridos a 06 de janeiro de 2021.
Em maio passado, os conservadores retiraram Liz Cheney, em confronto com Trump, do seu lugar como "número três" do partido, por ter refutado as mentiras do ex-presidente sobre uma fraude nas eleições que Biden venceu em 2020.
Leia Também: Capitólio. Biden denuncia "a grande mentira" de Donald Trump