Cerca de 2.700 pessoas, incluindo mais de 800 membros das forças policiais da Republika Srpska, participaram num desfile na avenida principal de Banja Luka (norte), capital dessa entidade autónoma da Bósnia, em que os dirigentes evocam regularmente a ideia de independência.
Vários níveis de polícia, incluindo forças antiterrorismo, forças especiais e forças militares, foram alinhados no final do desfile, em frente aos líderes da Republika Srpska, inclusive Milorad Dodik, membro sérvio da presidência colegial da Bósnia.
"Formamos a Republika Srpska porque sabemos que não há liberdade para o povo sérvio se ele não tiver o seu Estado", afirmou Milorad Dodik.
Vários milhares de pessoas assistiram ao desfile em Banja Luka.
"A Republika Srpska é o nosso Estado [...]. O nosso objetivo é a paz e a defesa da nossa liberdade", acrescentou.
Milorad Dodik lançou recentemente um processo de retirada da Republika Srpska de várias instituições do Estado central da Bósnia, o exército, a justiça e os impostos, o que motivou descontentamento por parte dos Estados Unidos, que anunciaram novas sanções financeiras contra este político, antigo favorito do Ocidente que se tornou pró-Rússia.
Este membro sérvio da presidência da Bósnia é acusado por Washington de ameaçar "a estabilidade da Bósnia-Herzegovina e de toda a região" dos Balcãs.
Desde o fim da guerra intercomunitária (1992-95), a Bósnia é composta por duas entidades, a Republika Srpska e uma federação croato-muçulmana, unida por um governo central, inicialmente fraco, mas reforçado ao longo dos anos sob pressão do Ocidente, para grande desgosto dos sérvios bósnios.
Os sérvios bósnios celebram hoje a proclamação de 09 de janeiro de 1992 da "República dos Sérvios da Bósnia".
Na sequência da guerra civil que provocou cerca de 100.000 mortos entre 1992 e 1995, a Bósnia-Herzegovina foi fraturada em duas entidades na sequência do Acordo de Dayton, unidas por um fraco Estado central cujos poderes têm vindo a ser reforçados nos últimos anos.
Na prática, e mais de 25 anos após o fim da guerra civil, o país balcânico, com 3,3 milhões de habitantes, permanece um protetorado internacional, com fortes poderes decisórios atribuídos ao Alto representante que supervisiona e coordena a aplicação dos aspetos civis do Acordo de Dayton.
Em agosto passado foi designado para este cargo Christian Schmidt, 63 anos, ex-ministro da Agricultura da Alemanha pelo partido democrata-cristão bávaro CSU, que em novembro passado já se pronunciou contra as intenções da liderança dos sérvios bósnios. Em paralelo, o Governo de Berlim já ameaçou com a aplicação de sanções à Republika Srpska e ao seu líder.
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