O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que o governo do presidente Joe Biden "continua focado em fechar a prisão de Guantánamo", garantindo que "nada mudou a esse respeito" e confirmando que estão a ser estudadas metodologias para efetivar essa medida.
Também esta segunda-feira, especialistas independentes da ONU pediram que os Estados Unidos encerrem Guantánamo, alegando que se trata de um local de "continuadas violações dos direitos humanos".
"Os 20 anos de detenção arbitrária sem julgamentos, acompanhados de torturas ou maus-tratos, são simplesmente inaceitáveis para qualquer Governo, especialmente um Governo que reivindica a proteção dos direitos humanos", disseram os especialistas nomeados pela ONU, num comunicado.
A questão surge na véspera de serem assinalados os 20 anos desde a abertura da prisão de Guantánamo, onde ainda permanecem cerca de 40 reclusos.
Localizada numa base naval norte-americana no leste de Cuba, a prisão foi inaugurada em 2002 por ordem do então Presidente norte-americano George W. Bush (2001-2009), em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
O ex-Presidente Barack Obama (2009-2017) anunciou que pretendia enviar os presos para cadeias no continente norte-americano, mas o Congresso, nessa altura de maioria republicana, bloqueou os seus esforços, obrigando o Governo dos EUA a transferi-los para outros países.
Com a chegada de Donald Trump (2017-2021) à Casa Branca, o governo dos EUA abandonou os esforços para encerrar a prisão de Guantánamo e só transferiu um único recluso, nos quatro anos do mandato.
Biden assumiu a promessa de fechar Guantánamo, mas com um perfil muito mais discreto do que o de Obama, e o Governo autorizou, no ano passado, a transferência de três reclusos de Guantánamo, onde ainda permanecem 39, longe dos 780 que passaram pelas suas instalações durante a era de Bush.
De acordo com os dados fornecidos por Kirby, 13 dos detidos estão preparados para serem repatriados, enquanto há outros 14 casos de reclusos considerados "aptos" para serem reanalisados.
O porta-voz do Pentágono admitiu ainda que há 10 reclusos com processos perante comissões militares dos EUA - com acusações pendentes ou a meio de processos ou prestes a serem julgados - enquanto dois já foram julgados perante comissões militares.
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