Depois de anos de luta judicial, Victor Escobar tornou-se, na sexta-feira, a primeira pessoa na Colômbia e na América Latina a recorrer à eutanásia sem que tivesse uma doença terminal.
“Alcançámos o objetivo para doentes como eu, que não são terminais, mas degenerativos, para ganharem esta batalha. Uma batalha que abre a porta para outros pacientes que venham depois de mim e que, agora, querem uma morte digna”, disse Escobar, numa mensagem transmitida aos meios de comunicação social pelo seu advogado, Luis Giraldo Montenegro, citado pela Reuters.
O colombiano, de 60 anos, que tinha sido alvo de dois acidentes vasculares cerebrais que pioraram a sua condição, sofria de doença pulmonar obstrutiva crónica e estava dependente de oxigénio. O seu desejo de ser eutanasiado aconteceu numa clínica em Cali, capital da província de Valle del Cauca.
“Não é um adeus, é um ‘até já’”, assegurou Escobar.
Victor acaba de lograrlo... Acaba de descansar del dolor. Dios tendrá misericordia de el.. eres un guerrero pic.twitter.com/T5zHykxzvu
— Luis Giraldo Montenegro (@LuisCGiraldo) January 8, 2022
Escobar lutou dois anos contra a oposição de médicos, clínicas e tribunais, ainda que o Tribunal Constitucional (TC) colombiano tivesse reconhecido, no ano passado, que o procedimento não deveria de estar disponível apenas para os pacientes com doença terminal.
No dia seguinte à morte de Escobar, Martha Sepulveda, que vivia com esclerose lateral amiotrófica (ALA), também conhecida como doença de Lou Gehrig, foi eutanasiada em Medellin. O procedimento de Sepulveda já teria sido marcado para 10 de outubro do ano passado, mas, na altura, acabou por ser cancelado.
Recorde-se que o TC do país permitiu a eutanásia em certas circunstâncias em 1997, regularizando o procedimento em 2014. Um ano depois, morreu a primeira pessoa na Colômbia com recurso à eutanásia legal. Até 15 de outubro do ano passado, 178 pessoas com doença terminal foram eutanasiadas no país desde que o procedimento foi legalizado, segundo o grupo DescLAB.
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