O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sugeriu esta quarta-feira que a nova variante Ómicron é "bem-vinda”, podendo significar que o "fim da pandemia” está próximo.
"A Ómicron já [se espalhou pelo mundo todo e, como as pessoas que percebem do assunto dizem], tem uma capacidade de se difundir muito grande, mas de letalidade muito pequena”, refere o chefe de estado brasileiro, em entrevista ao jornal Gazeta Brasil.
Bolsonaro desvaloriza ainda o impacto da estirpe, acrescentando que os especialistas "dizem até que seria um vírus vacinal”, sugerindo que "algumas pessoas estudiosas e sérias, e não vinculadas a farmacêuticas, dizem que a Ómicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia.”
O responsável afirma também que a variante "não tem matado ninguém” e que o óbito registado em Goiás, já confirmado como consequência da Ómicron, se deveu aos "problemas seríssimos” do paciente de 68 anos, que sofria de doença pulmonar obstrutiva crónica e de hipertensão.
No entanto, ainda que menos letal, a estirpe tem provocado um grande aumento dos casos de Covid-19 no país, pelo que os especialistas temem que a pressão nos serviços hospitalares aumente.
Ataques à vacina persistem
Bolsonaro aponta novamente o dedo às vacinas, reiterando que não será inoculado e opondo-se às recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria quanto à vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos, que deverá ter início ainda este mês.
O presidente brasileiro justifica que "quase zero, um número muito pequeno” de crianças foi vítima mortal da Covid-19 e que "esse número pequeno ainda [incluía crianças] com comorbilidades.” Sendo corrigido pela jornalista, que refere que mais de 300 crianças morreram por Covid-19 no Brasil, o responsável mantém as críticas e avança ter pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que divulgasse o número de casos com efeitos adversos provocados pela vacina.
"Tudo bem, não vou questionar. Vamos partir do princípio de que os números estão certos. Justifica a vacinação? Eu [pedi] ontem ao ministro Queiroga, da Saúde, a divulgação das pessoas com efeitos colaterais. Quantas pessoas estão tendo reações adversas no Brasil pós-vacina? Quantas pessoas estão morrendo também por outras causas que são creditadas à Covid-19?”, lança.
"Trezentas e poucas crianças... Lamento cada morte, ainda mais de criança, [que sentimos] muito mais, mas não justifica a vacinação, pelos efeitos colaterais adversos”, acrescenta.
Recorde-se que os especialistas e as agências reguladoras dos vários países, entre as quais a brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já asseguraram que as vacinas são alvo de um controlo rigoroso, sendo seguras e fundamentais para a luta contra a pandemia.
Ontem, o Brasil registou 70.765 infetados e 147 novas mortes por Covid-19, com avanço acentuado da variante Ómicron e duplicação das infeções de um dia para o outro.
Desde o início da pandemia, o país já registou 22.629.460 casos de infeção e 620.238 óbitos associados ao SARS-Cov-2.
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