No documento endereçado ao Ministério da Saúde e à Casa Civil da Presidência da República do Brasil, o órgão regulador expôs o cenário epidemiológico de covid-19 nas embarcações de cruzeiro que operam a temporada 2021-2022, incluindo as intercorrências, por embarcação, desde o início das suas operações no Brasil.
Durante toda a temporada, foram reportados 1.177 casos de infeção entre tripulantes e passageiros, segundo a Anvisa, que destacou um "aumento vertiginoso dos casos de Covid-19 a bordo das embarcações nos últimos dias, indicando uma mudança radical do cenário epidemiológico".
"Esse aumento pode ser confirmado pelos dados disponíveis, que dão conta da deteção de 31 casos de Covid-19 nos 55 dias iniciais da temporada (de 01/11 a 25/12), com uma explosão acentuada a partir do dia 26/12, tendo sido registados 1.146 casos em apenas 12 dias (de 26/12 a 6/1), o que representa um aumento de 37 vezes nesse período", detalhou a agência.
Os protocolos definidos pela Anvisa para operação dos navios de cruzeiro no Brasil trouxeram dispositivos que permitiram acompanhar o cenário epidemiológico nas embarcações durante quase dois meses e foram fundamentais para se identificar rapidamente a alteração no número de casos a bordo na penúltima semana epidemiológica de 2021.
Nesse sentido, em 31 de dezembro de 2021, com o aumento exponencial de casos, especialmente entre tripulantes, a Anvisa recomendou a suspensão temporária de navios de cruzeiro no país, de forma preventiva, até que surgissem mais dados para avaliação do cenário epidemiológico.
Agora, a Agência entende que o cenário atual é "desfavorável à continuidade das operações dos navios de cruzeiro" e, "com fundamento no princípio da precaução e a partir de todos os dados disponíveis", recomendou "a suspensão definitiva da temporada de navios de cruzeiro no Brasil, como ação necessária à proteção da saúde da população".
A temporada de cruzeiros no Brasil - que começou em novembro de 2021 e iria até abril de 2022 - esperava mobilizar mais de 360.000 passageiros ao longo das costas do gigante país sul-americano e poderá agora acumular perdas de cerca de 45 milhões de reais (7,11 milhões de euros), de acordo com especialistas.
O Brasil, que tem registado um aumento acelerado de infeções nas últimas semanas, é, juntamente com os Estados Unidos e Índia, um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 620 mil mortes e 22,7 milhões de infetados.
A covid-19 provocou 5.503.347 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.
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