Associação Ucranianos diz esperar que NATO e UE ajudem a evitar "tragédia
O presidente da associação Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, disse hoje à Lusa que a diáspora ucraniana espera que os países da NATO e da União Europeia possam "ajudar a evitar uma tragédia" impedindo uma invasão russa do país.
© Reuters
Mundo Ucrânia
Várias dezenas de pessoas da comunidade ucraniana em Portugal concentraram-se hoje à noite na Praça do Comércio, por ocasião do Dia da União da Ucrânia, 22 de janeiro, para uma ação com a mensagem "Diz Sim à Ucrânia", que decorreu em 60 países do mundo, em horários diferentes.
"Nós pedimos a todos os governos dos países democráticos para apoiarem a Ucrânia neste momento de ameaça muito real de um ataque massivo da Rússia à Ucrânia. Entendemos esta nova agressão russa como muito séria, porque realmente eles juntaram muitas tropas -- mais do que 100.000 soldados - não só junto à fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, mas também na Bielorrússia: [o Presidente bielorrusso, Alexandr] Lukashenko também permitiu deslocar para lá tropas russas e, o que é mais perigoso, com sistemas de lançamento de mísseis, que conseguem em poucos minutos atingir qualquer cidade na Ucrânia", disse Pavlo Sadokha.
"Não sabemos se isso é 'bluff' de Putin ou se não é, porque nós percebemos a língua russa -- as línguas russa e ucraniana são muito parecidas -- e vemos notícias da Rússia em que parece que regressámos ao século passado, e Putin aparece como um Estaline ou Hitler, que ameaça o próprio povo, que faz com que todo o mundo ocidental esteja agora contra a Rússia, que diz que o vai atacar, através da Ucrânia, e nós temos de defender a nossa pátria e temos de juntar todos os esforços nesta batalha, para dar uma vitória ao mundo ocidental", sustentou o representante da diáspora ucraniana em Portugal.
Para Pavlo Sadokha, "parece que Putin está a preparar o próprio povo russo para alguma coisa mais além daquele conflito que agora existe entre a Rússia e a Ucrânia [no leste do território ucraniano], parece que está a preparar todo o povo russo para uma guerra em escala muito maior do que existe agora".
"Estamos a ver isso como uma perspetiva muito real e estamos preocupados. Por exemplo, nós, cá em Portugal, somos uma comunidade, digamos assim, nova -- os ucranianos vieram para Portugal há pouco mais de 20 anos -- e todos têm família direta, pais, irmãos, na Ucrânia e estamos muito preocupados com o que vai acontecer", sublinhou.
"Todos se lembram, por exemplo, do que aconteceu na Síria, na cidade de Aleppo, que foi atacada pelos aviões supersónicos russos, que conseguiram destruir quase toda a cidade, com mais que 100.000 vítimas civis. Esse cenário, essas imagens percorreram o mundo, e os ucranianos sabem que isso pode acontecer a qualquer momento com qualquer cidade na Ucrânia", frisou.
Pavlo Sadokha disse que a ação de hoje pretendeu apelar para que os países da NATO "que têm forças, que têm armas superiores às armas russas, que digam aos russos 'A Ucrânia está do nosso lado, vamos defender a Ucrânia'".
"E isso pode parar a Rússia, é um argumento para parar a ameaça dos russos. Mas sabendo que o próprio Putin é imprevisível, não sabemos o que é que vai acontecer, na verdade", disse.
"Mas esperamos que a ajuda dos países da NATO, a ajuda dos políticos da União Europeia, que realmente estão agora a apoiar muito a Ucrânia, e uma resposta firme a Putin de que não vamos negociar ou ceder a chantagem -- chantagem política ou chantagem terrorista ou militar, ou o que quer que Putin está a fazer -- que possa ajudar a evitar uma tragédia", sublinhou.
Quanto ao facto de Putin afirmar que a Rússia se sente ameaçada pela expansão da NATO a leste, nomeadamente à Ucrânia, Pavlo Sadokha comentou: "Nós, ucranianos, não aceitamos isso, achamos que isso é mentira".
"A única ameaça para Putin, para o regime de Putin, e não para os russos, é a democracia: a Ucrânia é um país democrático e Putin tem medo que os russos também possam querer seguir os ucranianos e outros países, que já não queiram viver num país com regime totalitário. Acho que isso pode acontecer na Rússia, e essa é a verdadeira ameaça para Putin, não é o alargamento da NATO", concluiu.
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