A Hungria condicionou o apoio à Ucrânia ao fim das privações dos direitos da minoria magiar no país.
"Sem segurança na Ucrânia, não haverá segurança na Hungria e na Europa, em geral. Apenas juntos poderemos fortalecer a segurança na região da Europa Central", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleg Nikolenko.
A Ucrânia e os países ocidentais acusaram a Rússia de ter enviado pelo menos 100.000 tropas para a fronteira ucraniana, nos últimos meses, com a intenção de invadir de novo o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014. A Rússia nega tal intenção.
Quarta-feira, o chefe da diplomacia húngara, Péter Szijjarto, defendeu que a comunidade magiar na Ucrânia vive privada dos seus direitos e, nalguns casos, "sofre assédios físicos".
"Se os ucranianos não abandonarem estas políticas, as possibilidades de o Governo húngaro apoiar a Ucrânia, também no atual conflito, estarão muito limitadas", afirmou Szijjarto ao diário pró-governamental Magyaenemzet.
"Recusamos categoricamente as alegações [...] de que a Ucrânia tem uma política de violação aos direitos das minorias nacionais. Estas acusações são exageradas e politizadas", disse Nikolenko.
"Pelo contrário, o nosso Estado tem uma política aberta para criar maiores oportunidades para a autorrealização das comunidades nacionais. Não há ameaças à sua identidade nacional. Apreciamos muito a diversidade étnica e nacional da sociedade ucraniana", sustentou o porta-voz.
Nos últimos anos, acrescentou Nikolenko, as autoridades ucranianas mostraram a "máxima abertura" ao diálogo com as comunidades nacionais, através de contactos "abertos e construtivos com a Hungria, e a vários níveis".
O primeiro-ministro húngaro, o ultranacionalista Viktor Órban, vai reunir-se a 01 de fevereiro com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas indicou que só o fará depois de consultar os aliados da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
A oposição húngara pediu a Órban que cancele a deslocação.
"A Hungria é membro da UE e da NATO. Antes dessas reuniões [com Putin] consulto sempre os nossos aliados ocidentais", disse Órban nas habituais declarações das sextas-feiras na rádio pública Kossuth, explicando que já consultou e consultará nos próximos dias vários políticos, embora sem especificar.
Uma delegação do Parlamento Europeu que viajará no domingo para a Ucrânia para reduzir a tensão com a Rússia pediu ontem a Órban que não rompa a unidade europeia no encontro com Putin.
"Espero que Órban esteja plenamente ciente do que está em jogo e mantenha a mensagem de unidade da União Europeia", disse a eurodeputada liberal Nathalie Loiseau, presidente do subcomité de Segurança e Defesa e um dos líderes da delegação.
As divergências entre a Ucrânia e a Hungria começaram quando, em fevereiro de 2017, por iniciativa de Kiev, foi criado um grupo de trabalho conjunto para a área da educação, em relação à qual, segundo Nikolenko, "existe uma cooperação eficaz".
A Hungria espera chegar a um acordo com Kiev sobre a preservação do húngaro nas escolas da Transcarpátia, uma província ucraniana onde vivem mais de 150.000 húngaros.
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