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Cabo Verde propõe realização de encontro internacional de Santiago

O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, propôs hoje a realização em Ribeira Grande de Santiago, Cidade Velha, que é Património da Humanidade da UNESCO, de um encontro internacional das cidades de Santiago.

Cabo Verde propõe realização de encontro internacional de Santiago
Notícias ao Minuto

17:55 - 31/01/22 por Paulo Julião

Mundo Património

"Considero ser importante para a promoção da cidade e de Cabo Verde a realização, neste município, de um encontro internacional das cidades de Santiago. Do mesmo passo, proponho que se recrie, a partir desta cidade, em cooperação com o Governo e outros municípios de Santiago, as Rotas dos Escravos na Ilha", afirmou o chefe de Estado ao discursar hoje, nas cerimónias do dia daquele município.

O município de Ribeira Grande de Santiago, fundado pelos portugueses em 1462 e que integra a atual Cidade Velha, viu o seu centro histórico classificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como Património da Humanidade em 10 de maio de 2009.

Em 26 de junho do mesmo ano, obteve a classificação de uma das Sete Maravilhas do Mundo de origem portuguesa.

Foi também a primeira cidade construída pelos europeus a sul do Saara e a primeira capital de Cabo Verde, título que manteve até 1770, quando a capital passou a ser Praia de Santa Maria, atual cidade da Praia, tendo sido ponto de partida de escravos africanos em direção à América e Europa.

"Por outro lado, em 2033, serão comemorados os 500 anos da criação da Diocese de Santiago de Cabo Verde, que abrangia, na altura, vastos territórios da costa ocidental africana. No que se refere à cidade de Santiago, é essencial que, em estreita articulação com o Governo e a Diocese, seja elaborado um plano das comemorações para que, em 2033, nesse âmbito, se tenha a Sé Catedral reabilitada, as igrejas e outros edifícios religiosos identificados e a execução da expansão urbana da cidade em curso", apelou ainda José Maria Neves.

A antiga Sé Catedral foi o maior edifício religioso construído em Cabo Verde e em toda a costa africana, erigida entre 1556 e 1700. Ficou em ruínas, tal como se encontra atualmente, na sequência do último grande ataque ao município, perpetuado pelo corsário francês Jacques Cassard, em 1712.

"É de reconhecer tratar-se de uma grande empreitada e uma grande ambição para um município desta dimensão, quando estão em causa as tão sonhadas oras de remodelação da Sé Catedral, a requalificação do sítio histórico ou outros intervenções sempre necessárias, de reparações ou de conservação, e que demandam um saber muito especializado".

Já a igreja de Nossa Senhora do Rosário é o edifício mais antigo do centro histórico da Cidade Velha que se mantém intacto e integra um dos raros exemplos da arquitetura gótica na África subsaariana. Ex-líbris da Cidade Velha, o Padre António Vieira chegou a pregar naquele templo, por onde terão passado ainda Vasco da Gama e Cristóvão Colombo.

Foi construída em 1495, no local onde existia uma pequena capela gótica, fazendo esta parte da estrutura atual, com influência manuelina, com arco quebrado, ladeado por duas gárgulas, cobertura em abóbada de nervuras com fechos policromos, tendo sido reabilitada em 2020 pelo Governo cabo-verdiano com o apoio da Cooperação Portuguesa.

Na sua intervenção de hoje, José Maria Neves reforçou que "Ribeira Grande de Santiago, berço da nação cabo-verdiana, é muito justamente Património da Humanidade", embora admita tratar-se "de uma distinção que compreende vantagens e custos".

"Os custos estão essencialmente relacionados com as restrições impostas às edificações dentro do sítio histórico e com a restauração e preservação do património construído. São os chamados 'custos de patrimonialidade'", disse.

Por esta razão, defendeu "uma discriminação a favor deste município, de forma a conseguir mitigar os efeitos das restrições e criar novas oportunidades de crescimento económico, de criação de emprego e de melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes".

Leia Também: Cartão Nacional de Identificação chega a 267 mil cabo-verdianos em 4 anos

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