"As pessoas portadoras de deficiência representam um dos grupos mais vulneráveis entre as comunidades deslocadas devido aos desafios de mobilidade que enfrentam durante a fuga", destaca o ACNUR em comunicado.
De acordo com a monitorização de necessidades e de proteção do alto comissariado, estima-se que cerca de 15% da população deslocada (mais de 800 mil pessoas) viva com algum tipo de deficiência.
Mesmo depois da fuga, os desafios continuam, nos novos locais onde se estabelecem.
"Muitas dependem do apoio de familiares, vizinhos ou desconhecidos", mas sem sequer disporem de equipamentos básicos como bengalas ou canadianas para poderem refazer a vida e ter a ambição de concretizar sonhos.
A última entrega de material decorreu entre 02 e 07 de fevereiro em parceira com a organização Humanity Inclusion (HI) e beneficiou 122 pessoas, com a entrega de 35 cadeiras de rodas, 70 canadianas e 35 bengalas brancas - tudo entregue após identificação e avaliação dos casos num esforço conjunto com o Fórum de Associações Moçambicanas de Pessoas com Deficiência (FAMOD).
Desde 2021, o ACNUR e parceiros atribuíram meios auxiliares a mais de 200 pessoas, um trabalho que o alto comissariado prevê continuar este ano.
"As pessoas portadoras de deficiência são dotadas de enorme resiliência e talento", disse Margarida Loureiro, chefe de escritório do ACNUR em Cabo Delgado.
"Conhecemos excelentes artistas, carpinteiros, pintores, alfaiates, entre outros. Como todas as pessoas, têm sonhos e ambições, querem trabalhar e ser independentes. A atribuição de meios auxiliares permite-lhes alcançar o seu potencial", sublinhou.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
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