Covid-19. Cabo Verde descarta alívio de restrições até ao Carnaval
O Governo de Cabo Verde não prevê aliviar as medidas restritivas, nomeadamente a proibição de festas de Carnaval no arquipélago, apesar da diminuição de casos de covid-19, disse hoje à Lusa o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário.
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"Eu compreendo que as pessoas estejam a analisar em termos da evolução e que fevereiro seja um mês em que poderá haver alguma pressão para abrirmos, para aliviarmos estas medidas. Não acho que seja uma boa medida, já fizemos bastante, estamos a fazer bastante, a população está a contribuir, vamos fazer mais um esforço de forma que possamos de facto ter a certeza de que a pandemia esteja controlada, não só a nível de Cabo Verde, mas também mundial", afirmou o ministro.
O Governo cabo-verdiano prorrogou em 20 de janeiro, por mais 30 dias, a situação de contingência no país, face à evolução da pandemia, à qual voltou no final de dezembro face ao forte aumento de novos casos de covid-19, que nos dias seguintes registaram recordes diários de infetados, superior a mil casos por dia, com a confirmação da nova variante Ómicron a circular no arquipélago.
Todo o país estava em situação de alerta - o nível menos grave de três previstos na lei que estabelece as bases da Proteção Civil -- desde 28 de outubro, mas o aumento exponencial de novos casos de covid-19, e quando registava um Rt de 2,52, levou o Governo a aumentar um nível, apertando as regras, desde logo com a proibição de festas de passagem de ano na rua ou limitando as festas privadas, além do regresso ao uso obrigatório de máscaras na via pública.
Alguns dias depois, o Governo anunciaria também a suspensão de todas as festas públicas e privadas de Carnaval em Cabo Verde.
"Existe uma resolução que interdita as festividades do Carnaval este ano, uma resolução que foi muito bem acolhida pela população e penso que deverá ser mantida, por enquanto, para não haver novas consequências", apontou Arlindo do Rosário, quando questionado pela Lusa.
Entretanto, os números da pandemia caíram fortemente desde a segunda semana de janeiro, passando de mais de 6.000 casos ativos em Cabo Verde para cerca de cem em apenas um mês, além de pouco mais de uma dezena de novos infetados diagnosticados diariamente.
Para o ministro da Saúde, apesar destes indicadores, uma reabertura "precoce" podia ter efeitos contrários: "Acarreta consequências em termos de novo aumento de casos, o que de facto não queremos. Felizmente a tendência da pandemia em Cabo Verde, de acordo com os números, é decrescente, de todo modo, ainda a taxa de incidência é elevada. Precisamos continuar com as medidas como o uso de máscara e o distanciamento".
O Carnaval é a maior festa popular em Cabo Verde, atraindo habitualmente a atenção dos turistas, nomeadamente à ilha de São Vicente, mas pelo segundo ano consecutivo não há desfiles ou festas no arquipélago.
Entretanto, o diretor nacional de Saúde disse na segunda-feira que Cabo Verde registou uma "melhoria bastante considerável" na situação epidemiológica da covid-19 nos últimos 14 dias, com a taxa de transmissibilidade (Rt) a descer para 0,41.
Na habitual conferência de imprensa semanal para fazer o ponto de situação da pandemia, Jorge Noel Barreto avançou que nas últimas duas semanas o país registou uma média de 31 novos casos por dia, correspondendo a uma taxa de positividade de 4,6%, muito inferior aos 25,4% dos 14 dias anteriores.
Quanto à taxa de incidência acumulada, no período em análise foi de 77 casos por 100 mil habitantes, enquanto nos 14 dias anteriores tinha sido de 881 por 100 mil habitantes.
"Mas com a evolução bastante positiva que temos estado a verificar, esta taxa melhorou consideravelmente", disse Jorge Barreto, dando conta de que já há três concelhos com uma taxa inferior a 25 casos por 100 mil habitantes.
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