"Infelizmente, o nível da nossa colaboração está quase a zero e em breve passará o nível de zero e tornar-se-á negativo, o que seria indesejável", afirmou Sergei Shoigu, citado por agências noticiosas russas.
Ao mesmo tempo, o ministro russo apelou ao Ocidente para parar de "carregar" a Ucrânia com armas, sendo Londres um dos fornecedores.
"Gostaríamos também de contribuir para a redução das tensões e o fim da distribuição de armas à Ucrânia, que está a acontecer de todos os lados, de uma forma pública", apontou, assegurando que Londres também enviou "forças especiais" para a Ucrânia.
Na quinta-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Liz Truss, reuniu-se com o homólogo russo, Sergei Lavrov, naquilo a que o próprio qualificou como um "diálogo de surdos".
O jornal Kommersant relatou que, como parte da tensa troca de palavras, Lavrov enfatizou o direito de Moscovo a destacar as suas forças no seu próprio território e perguntou a Truss se reconhecia as regiões Voronezh e Rostov no sudoeste da Rússia como parte do país, ao que a ministra terá respondido "não".
Questionada sobre a 'gafe', Truss disse à agência noticiosa russa RBC que pensava que Lavrov se referia a territórios na Ucrânia, mas depois confirmou que as regiões que mencionou faziam parte da Rússia.
A Rússia enviou mais de 100.000 soldados para as fronteiras da Ucrânia, onde conduz atualmente manobras, suscitando receios por parte do Ocidente de uma operação militar contra Kiev.
Moscovo, que já anexou a península da Crimeia em 2014, nega qualquer movimento agressivo em direção à Ucrânia, mas condiciona qualquer desescalada a uma série de requisitos, incluindo a garantia de que Kiev nunca integrará a NATO, algo que o Ocidente considera inaceitável.
As várias rondas de conversações diplomáticas nos últimos dias não trouxeram progressos na resolução da crise, que o Ocidente descreve como uma das mais perigosas desde o fim da Guerra Fria, há três décadas.
Washington e os países europeus anunciaram também que estão a enviar milhares de tropas para o leste da Europa em apoio à Ucrânia.
Ainda hoje, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a aconselhar os seus cidadãos na Ucrânia a deixarem o país, lembrando que um possível conflito entre as forças norte-americanas e russas será uma "guerra mundial".
"Os cidadãos norte-americanos devem sair agora. Não é como se estivéssemos a lidar com uma organização terrorista. Estamos a lidar com um dos maiores Exércitos do mundo. É uma situação muito diferente e as coisas podem enlouquecer rapidamente", referiu Biden.
Leia Também: Kiev desvaloriza alertas ocidentais sobre iminência de ataque russo