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Líder do PAIGC desencoraja envio de forças militares da CEDEAO

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, manifestou-se contra o envio de uma força militar da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) "sem um consenso" dos guineenses.

Líder do PAIGC desencoraja envio de forças militares da CEDEAO
Notícias ao Minuto

15:34 - 16/02/22 por Lusa

Mundo Guiné-Bissau

Em entrevista à Lusa e à RFI, Simões Pereira falou sobre a possibilidade de a CEDEAO enviar para a Guiné-Bissau uma força de estabilização, mas alertou que a composição e missão desta força são ainda desconhecidas.

A decisão do envio dessa força foi tomada na última cimeira de líderes da organização sub-regional africana, realizada no Gana, no passado dia 04, na qual a Guiné-Bissau foi representada pela chefe da diplomacia, Suzi Barbosa, em representação do Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló.

Numa entrevista à RFI em Bissau, o primeiro-ministro guineense, Nuno Nabiam disse desconhecer que alguma entidade do país tenha feito o pedido de envio da força de estabilização da CEDEAO, mas afirmou aguardar que aquela organização contacte as autoridades do país sobre o assunto.

Domingos Simões Pereira considera que mesmo que tenha havido uma explicação da chefe da diplomacia aos líderes da CEDEAO na cimeira decorrida em Acra, capital do Gana, a organização "sabe que tem de" perguntar a Assembleia Nacional Popular (ANP, parlamento guineense) sobre se está de acordo ou não.

O dirigente político disse que se surpreendeu quando o chefe do Governo vem afirmar que não sabe de qualquer diligência junto da organização no sentido de solicitar uma força de estabilização.

"Se o primeiro-ministro vem dizer que isso não aconteceu, quer dizer, ainda estamos mais perdidos, primeira coisa. Segunda coisa, é que mesmo que tivesse havido essa tal informação a CEDEAO sabe que tem de contactar os órgãos de soberania, nomeadamente a Assembleia Nacional Popular (ANP) para se assegurar que está de acordo, está alinhada, e há um pedido formal das entidades públicas e políticas guineenses nesse sentido", disse Domingos Simões Pereira.

Para o líder do PAIGC, "toda a turbulência" na Guiné-Bissau está ligada com desentendimentos entre os elementos que sustentam o regime, o anunciado acordo de exploração de petróleo com o Senegal e os exercícios militares de soldados senegaleses nas águas territoriais guineenses, em nome de um exercício da CEDEAO.

"E como é que militares da CEDEAO fazem exercícios em águas territoriais da Guiné-Bissau apenas com militares de uma única nacionalidade", questionou.

O líder do PAIGC afirmou ainda que o seu partido se insurge contra a pretensão do envio de uma força militar para o país.

"Essas questões são mais do que pertinentes, são alertas à sociedade guineense para gente absolutamente desprovida de responsabilidade para com a estabilidade deste país, serem chamadas à razão e dizer que há um limite para determinadas aventuras", observou Domingos Simões Pereira.

No dia 01 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.

O Presidente guineense considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e apontou o ex-chefe da Marinha José Américo Bubo Na Tchuto, Tchamy Yala, também ex-oficial, e Papis Djemé como os principais responsáveis.

Os três homens foram presos em abril de 2013 por agentes da agência antidrogas norte-americana (DEA) a bordo de um barco em águas internacionais na costa da África Ocidental e cumpriram pena de prisão nos Estados Unidos.

Os três alegados responsáveis pela tentativa de golpe de Estado foram detidos, segundo o Presidente guineense.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.

Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.

Leia Também: Guiné-Bissau. Envolvidos na tentativa de golpe são "reincidentes"

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