PM etíope põe em funcionamento polémica barragem no Nilo Azul

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou hoje oficialmente a produção de eletricidade na Grande Barragem do Renascimento Etíope, no Nilo Azul, projeto milionário fortemente contestado pelo Egito e pelo Sudão.

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Lusa
20/02/2022 09:26 ‧ 20/02/2022 por Lusa

Mundo

Etiópia

"O início da geração de eletricidade nesta barragem é uma bênção, não só para nós, mas também para o Egito e o Sudão", disse Abiy num discurso na inauguração.

Numa cerimónia realizada ao início da manhã, o próprio chefe do Governo, acompanhado de numerosos altos funcionários, pressionou uma série de interruptores num ecrã eletrónico para pôr em marcha a primeira turbina.

"Esta grande barragem foi construída pelos etíopes, mas para benefício de todos os africanos, para que todos os nossos irmãos e irmãs africanos possam tirar proveito", disse um alto responsável que participava na inauguração.

A Etiópia considera esta enorme barragem -- a maior do género em África - estratégica para o seu desenvolvimento, mas desde que o projeto foi lançado em 2011 provocou um contencioso com o Sudão e o Egito, ambos dependentes do Nilo.

Os dois Estados consideram que o processo de enchimento da barragem pode afetar gravemente os níveis de água do Nilo nos seus respetivos troços.

A barragem, que apesar de não haver contabilidade oficial está avaliada em mais de 4,2 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros), deverá recolher 13,5 mil milhões de metros cúbicos de água do rio Nilo Azul durante a época chuvosa, aumentando a reserva para 18,4 mil milhões de metros cúbicos, segundo o Governo etíope.

Situada a cerca de 30 quilómetros da fronteira sudanesa, a barragem tem 1,8 km de comprimento e 145 metros de altura.

Segundo os 'media' etíopes, a produção inicial será de 375 megawatts com a entrada em funcionamento da primeira turbina, mas quando o projeto estiver completo, num prazo de dois anos, terá uma capacidade total de 5.200 megawatts.

O Nilo Azul, rio que conflui com o Nilo Branco e com o rio Atbara, é um dos principais afluentes do rio Nilo, sendo responsável, durante a estação chuvosa, por até 80% da água deste último.

Sudão e Egito temem que a construção do projeto coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.

A Etiópia considera, por seu lado, que o projeto é estratégico para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação, como em termos de produção de eletricidade.

Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e eletricidade para cerca de 10 países da África Oriental.

Leia Também: Etiópia. Libertado último trabalhador da ONU que estava detido

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