"É evidente que a convergência entre a Rússia e a China é algo que é importante para o Indo-Pacífico [...] e que a emergência de uma aliança entre a Rússia e a China está claramente a desafiar a ordem multilateral, pelo que esta é outra razão para nos envolvermos mais no Indo-Pacífico", disse Josep Borrell.
Falando em conferência de imprensa no final de uma reunião organizada pela Presidência francesa da UE sobre as relações da União e os países da região Indo-Pacífico, o chefe da diplomacia europeia rejeitou "uma aliança ou uma atitude anti-China", classificando Pequim como "um grande país no Indo-Pacífico, que o é e será cada vez mais".
"Precisamos de ter relações com a China e nós temo-las", acrescentou.
Ainda assim, numa altura de fortes tensões geopolíticas no que toca à ofensiva russa na Ucrânia, Josep Borrell admitiu que "todos os participantes nesta reunião se manifestaram preocupados com o que está a acontecer nas fronteiras orientais da Europa".
"Como não?", questionou.
"Temos encontrado muito interesse e compreensão para manter o princípio e a integridade territorial das nações e penso que este é um princípio que é amplamente partilhado por todos os participantes nesta reunião, mas não tivemos qualquer discussão específica sobre isso [crise ucraniana], são apenas comentários naturais sobre algo que ninguém pode ignorar", adiantou Josep Borrell.
A posição surge após o Presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia), e de ter ordenado a mobilização do Exército russo para "manutenção da paz" nestes territórios separatistas pró-russos.
Em 2014, a Rússia invadiu o leste da Ucrânia e anexou a península ucraniana da Crimeia.
A guerra no leste da Ucrânia entre as forças de Kiev e milícias separatistas fizeram até ao momento mais de 14 mil mortos, de acordo com as Nações Unidas.
A UE está a preparar sanções à Rússia, que deverão ser aprovadas pelos Estados-membros ainda hoje.