RCA. Missão da ONU e Paris condenam detenção de militares franceses

A missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (RCA) lamentou hoje a detenção de quatro militares franceses naquele país e condenou, como Paris, a sua "instrumentalização" e a "tentativa de manipular a opinião pública".

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Lusa
22/02/2022 17:43 ‧ 22/02/2022 por Lusa

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Quatro militares franceses, que escoltavam o chefe de Estado-Maior da missão de estabilização da ONU na RCA (Minusca), Stéphane Marchenoir, foram detidos ao início da tarde de segunda-feira no aeroporto da capital, informou a embaixada de França em Bangui, num comunicado divulgado na segunda-feira nas suas contas nas redes sociais Twitter e Facebook.

"A Minusca lamenta este facto e condena veementemente a sua instrumentalização nos meios de comunicação social, numa tentativa de manipular a opinião pública", afirmou a missão da ONU numa declaração citada pela agência France-Presse.

Centenas de mensagens foram publicadas nos meios de comunicação social poucos minutos após a detenção dos soldados franceses, acusando-os de envolvimento numa alegada tentativa de assassinato contra o Presidente centro-africano, Faustin-Archange Touadéra.

A Minusca rejeitou "categoricamente" estas acusações.

"A liderança da Minusca está em contacto com as mais altas autoridades da República Centro-Africana para encontrar uma solução o mais rapidamente possível", acrescentou a missão, num comunicado de imprensa.

Por seu lado, a embaixada francesa em Bangui condenou igualmente a "instrumentalização" das redes sociais com o objetivo de gerar "desinformação".

Nos últimos meses, Paris acusou Moscovo de apoiar uma campanha "anti-francesa" na RCA, onde operam mercenários de segurança russos do grupo Wagner, e em outras antigas colónias francesas em África.

De acordo com relatórios da União Europeia, as forças de segurança da África Central estão a receber "apoio bilateral" do grupo Wagner.

A República Centro-Africana tem estado atolada em violência sistémica desde 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana - a Séléka -- tomou Bangui e derrubou o Presidente François Bozizé, desencadeando uma guerra civil.

Como resistência contra os ataques de Séléka, foram criadas milícias cristãs anti-Balaka, que, tal como o primeiro grupo, acabaram por se dividir em várias fações armadas.

Apesar da assinatura do acordo de paz de 2019 e do cessar-fogo unilateral de outubro de 2021, dois terços do país - rico em diamantes, urânio e ouro - são controlados por milícias e, segundo a ONU, cerca de 692.000 pessoas fugiram das suas casas por causa da violência.

Portugal está presente na RCA, com 191 militares integrados na missão das Nações Unidas e outros 26 militares no âmbito da missão da União Europeia (EUTM-RCA) de formação e aconselhamento das forças de segurança e defesa.

Leia Também: ONU investiga massacre de dezenas pelo exército e mercenários russos

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