Crianças em instituições especializadas, idosos em lares e reclusos em prisões devem ser levados em consideração caso sejam feitos planos para evacuar cidades ou regiões, defendeu a Organização Mundial Contra a Tortura em comunicado.
"Caso o conflito armado se agrave, estas pessoas, que são dezenas de milhares, não têm qualquer hipótese de chegar [sozinhas] a áreas seguras", alertou a organização, observando que desde o início do conflito em Donbass (leste da Ucrânia), em 2014, já foram registados vários ataques a instituições prisionais.
O Conselho Norueguês de Refugiados alertou, por sua vez, que "milhões de pessoas sofrerão com um novo conflito", após oito anos de divisão de famílias que vivem na linha que separa o território controlado pelo exército ucraniano daquele que é dominado pelas milícias pró-russas.
"Com o aumento das tensões políticas e militares, milhares de famílias podem continuar separadas indefinidamente", disse o secretário-geral daquela organização humanitária, Jan Egeland, que visitou recentemente a zona de conflito.
A organização lembrou que o conflito da Ucrânia é o que atinge a maior população de idosos. Segundo a ONU, 30% dos 2,9 milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária são idosos.
O conflito que começou em 2014, com a anexação da Crimeia pela Rússia, provocou 854.000 deslocados internos e tornou a Ucrânia no quinto país do mundo com mais vítimas civis causadas por explosões de minas terrestres.
A tensão que tem aumentado nas últimas semanas na região passou para outro nível na segunda-feira, quando o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk, no Donbass, e anunciou que tropas russas poderão deslocar-se para a região ucraniana em missão de "manutenção da paz", o que já foi autorizado pelo Senado russo.
Em reação, Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e vários outros anunciaram sanções contra a Rússia, que continua a negar qualquer intenção bélica em relação a Kiev.
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