Putin alvo de sanções. Zelensky critica "lentidão" europeia

O Presidente russo, Vladimir Putin, soube hoje que vai ser alvo de sanções por parte da União Europeia e do Reino Unido, enquanto em Kiev o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou a maior rapidez na ajuda ao seu país.

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Lusa
25/02/2022 20:09 ‧ 25/02/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

Os chefes da diplomacia da União Europeia (UE) chegaram hoje a acordo para sancionar o Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, com congelamento de ativos financeiros, após a invasão da Ucrânia.

O pacote de sanções alarga a lista de personalidades, de pessoas singulares e de entidades russas objeto de sanções, estendendo-a ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, assim como ao primeiro-ministro, ao ministro da Defesa, que já estava incluído, ao ministro dos Negócios Estrangeiros e ao ministro do Interior.

Ao mesmo tempo, os ministros das Finanças da União Europeia (UE) comprometeram-se ainda a aplicar "o tempo que for necessário" as sanções financeiras acordadas pelos líderes europeus à Rússia, após invasão da Ucrânia, prometendo que "serão complementadas por decisões adicionais". 

Horas antes, Vladimir Putin mostrou-se disponível para enviar uma delegação a Minsk, capital da sua aliada Bielorrússia, para conversações com a Ucrânia.

"Vladimir Putin está disposto a enviar uma delegação russa a Minsk, ao nível dos Ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros e de elementos da administração presidencial, para negociações com uma delegação ucraniana", anunciou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O porta-voz do Presidente russo disse mesmo que Moscovo iria analisar a declaração do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sobre a disponibilidade para discutir a neutralidade do seu país.

"É uma nova declaração. Demos-lhe atenção. É um passo para o lado positivo. Agora cabe-nos a nós analisá-lo. Não posso dizer mais no momento", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov.

Isto porque, num discurso à nação quinta-feira à noite, o Presidente ucraniano dissera que o seu país não tem medo da Rússia, nem medo de "falar com a Rússia, de falar de tudo: garantias para o nosso Estado, o estatuto de neutralidade".

A início da manhã, contudo, a Rússia mostrava uma determinação maior em fazer prevalecer os seus intentos bélicos e fez saber que pretende que as forças armadas da Ucrânia deponham as armas para "libertar os ucranianos da opressão" e regressar às negociações.

"Estamos prontos para negociações em qualquer altura, assim que as forças armadas ucranianas ouvirem o nosso apelo e depuserem as armas", disse o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov.

Lavrov reiterou que o objetivo da invasão russa da Ucrânia ordenada pelo Presidente Vladimir Putin é libertar os ucranianos da opressão, numa indicação de que Moscovo pretende derrubar o atual Governo do Presidente Volodymyr Zelensky.

Perante esta posição de força, Zelensky pediu aos países da NATO do chamado grupo Nove de Bucareste ajuda para defender a Ucrânia e para formar uma "coligação antiguerra" que leve a Rússia à mesa das negociações.

"Nós defendemos a nossa liberdade, a nossa terra. Precisamos de assistência internacional eficaz. Discuti isto com Andrzej Duda [Presidente da Polónia]. Apelei aos Nove de Bucareste para ajuda de defesa, sanções, pressão sobre o agressor", escreveu Zelensky na rede social Twitter.

Mais tarde, Zelensky lamentou que a resposta da Europa à invasão russa esteja a ser muito lenta e convidou os europeus com experiência de combate a viajar para a Ucrânia e repelir o exército russo.

"Como é que vocês se vão defender, se são tão lentos a ajudar a Ucrânia?", perguntou Volodymyr Zelensky, numa comunicação a jornalistas internacionais, em que criticou a resposta europeia à invasão russa em curso.

As palavras do Presidente ucraniano soavam quando as forças russas se aproximavam de Kiev e foram ouvidos tiros no centro da capital ucraniana.

Mas o Presidente ucraniano assegurou que o Governo continua firme e que os seus assessores estão em Kiev a trabalhar para defender o país da invasão russa, num vídeo em que aparece na rua rodeado pela sua equipa mais próxima.

"Estamos aqui. Estamos em Kiev. Estamos a defender a Ucrânia", refere Volodymyr Zelensky, no vídeo de 32 segundos, gravado por si na rua Bankova, em frente ao Gabinete do Presidente da Ucrânia.

Também o Pentágono reconheceu que a ofensiva russa na Ucrânia "perdeu ímpeto" nas últimas 24 hora, perante uma "maior" resistência dos militares ucranianos do que Moscovo esperava.

A Rússia ainda não assumiu totalmente o controle do espaço aéreo ucraniano, disse um alto funcionário dos EUA.

Neste cenário, mais de 50.000 ucranianos fugiram do seu país em menos de 48 horas, desde o início da invasão russa, revelou o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que também contabilizou 100.000 deslocados na Ucrânia.

"Mais de 50.000 refugiados ucranianos fugiram do seu país em menos de 48 horas - a maioria para a Polónia e a Moldávia - e muitos mais estão a dirigir-se para as fronteiras", escreveu Filippo Grandi na rede social Twitter.

Entretanto, o Conselho da Europa decidiu "suspender" a participação de diplomatas e delegados russos nos principais órgãos desta organização pan-europeia "com efeitos imediatos", em resposta ao "ataque armado" contra a Ucrânia.

Esta decisão exclui o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (CEDH, na sigla em francês), o braço judicial do Conselho da Europa, que continuará a dar proteção aos cidadãos russos, anunciou a organização internacional em comunicado.

Portugal juntava-se a este coro de protestos e o primeiro-ministro português, António Costa, advertiu que a Rússia "não pode sequer sonhar" com uma agressão à NATO ou aos seus amigos, depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo ter afirmado que uma adesão da Finlândia à Aliança teria repercussões.

"A Rússia tem de compreender que, não só tem que parar a agressão militar contra a Ucrânia, como não pode sequer sonhar em ter qualquer ação agressiva relativamente a qualquer país da NATO, ou qualquer país amigo da NATO, como é o caso da Suécia e da Finlândia", vincou António Costa.

No meio do cerco diplomático, Putin telefonou ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, dizendo-lhe que está disposto a realizar "negociações de alto nível" com a Ucrânia, após ter lançado uma operação militar contra aquele país.

Em resposta, Xi Jinping apelou a que Kiev e Moscovo "resolvam os seus problemas por meio de negociações".

Da Europa vinham recados duros e o porta-voz do chefe da diplomacia da União Europeia acusou o Presidente russo de "comportar-se como os nazis" e estar prestes a cometer um genocídio.

Leia Também: Embaixadora ucraniana nos EUA diz que ataques foram hoje "mais brutais"

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