Turquia reconhece "guerra" e pode bloquear navios russos
A Turquia reconheceu oficialmente no domingo "o estado de guerra" entre Rússia e Ucrânia, o que a autoriza, sob a Convenção de Montreaux, a limitar o acesso dos dois beligerantes ao estreito de Dardanelos, que liga ao Mar Negro.
© Alexis Mitas/Getty Images
Mundo Ucrânia
"A situação na Ucrânia transformou-se em guerra. A Turquia implementará, com transparência, todas as disposições da Convenção de Montreux", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Casuvoglu, em entrevista à CNN.
Desde o início da agressão russa contra a Ucrânia, o embaixador ucraniano em Ancara, Vasyl Bodnar, exortou a Turquia a fechar os estreitos de Dardanelos e do Bósforo aos navios russos.
Embora aliada de Kiev e membro da NATO, a Turquia não respondeu imediatamente a esse pedido.
Ancara controla o acesso ao Mar Negro através do Tratado de Montreux, assinado em 1936, que garante a livre circulação de navios mercantes em tempo de paz e lhe confere o direito de bloquear navios de guerra em caso de conflito, em particular se a própria Turquia estiver ameaçada.
Mevlüt Casuvoglu tinha indicado anteriormente que os "especialistas [estavam] a estudar se existia um estado de guerra do ponto de vista legal".
Em entrevista publicada sexta-feira no diário turco Hurriyet, o ministro explicou que "a Turquia aplica o Tratado de Montreux: podem ser tomadas medidas contra os beligerantes de um conflito em que a Turquia não participa".
"A Turquia pode impedir o trânsito de navios de guerra pelo estreito. Mas também deve permitir que os navios dos beligerantes retornem às suas bases, se assim o solicitarem. Os nossos especialistas estão a estudar se existe um estado de guerra do ponto de vista legal. Se for esse o caso, o processo será iniciado", disse.
Pelo menos seis navios de guerra russos e um submarino passaram pelo Bósforo e Dardanelos nas últimas duas semanas, retornando do Mediterrâneo.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram cerca de 200 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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