"Acho que o Presidente do Brasil está mal informado" e "talvez seria interessante ele conversar com o Presidente ucraniano para ter uma visão mais objetiva", disse Tkach para um grupo de repórteres.
Bolsonaro comentou o conflito numa conferência de imprensa no domingo, na qual disse que o Brasil deve manter uma posição de "cautela" e "neutralidade", com a qual reafirmou tacitamente a posição de seu Governo, que até agora não condenou em termos claros o ataque russo ao território ucraniano.
Além disso, Bolsonaro considerou "exagerado" descrever o que está acontecendo na Ucrânia como um massacre e disse que os cidadãos daquele país "tomaram a decisão de entregar seu destino a um comediante", aludindo à antiga profissão do Presidente ucraniano, Volodímir Zelenski.
Nesta última declaração, Tkach respondeu que Zelenski "foi eleito democraticamente" e que "sua profissão anterior não importa", para apontar que "hoje ele é o líder da nação e está liderando uma guerra contra um dos maiores exércitos do mundo".
O representante do Governo ucraniano considerou ainda que o mundo se encontra "num momento muito delicado, em que o futuro é decidido não só da Ucrânia, mas também da Europa e do resto do mundo", e em que "trata-se do apoio aos valores democráticos, direito, o respeito pela soberania de um Estado e a integridade territorial."
O Brasil ocupa atualmente um assento não permanente no Conselho de Segurança da ONU e apoiou na semana passada, junto com outros dez países, uma resolução condenando a Rússia promovida pelos Estados Unidos e finalmente vetada pela representação russa.
Mesmo assim, e apesar de afirmar que "ninguém é a favor da guerra em nenhum lugar do mundo", Bolsonaro sustenta que seu Governo deve ser "prudente", até por conta do vínculo económico entre Brasil e Rússia.
"Há muita responsabilidade, porque o Brasil tem negócios, principalmente com a Rússia. O Brasil depende de fertilizantes", disse Bolsonaro no domingo, que se reuniu em Moscovo com seu colega russo, Vladimir Putin, dez dias antes da invasão a Ucrânia.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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