"Como existem grupos [políticos] a questionar o compromisso do Governo em 'participar na ajuda militar à Ucrânia', quero anunciar que a Espanha enviará material militar ofensivo à resistência ucraniana", disse Pedro Sánchez durante uma intervenção esta manhã no parlamento para informar sobre a posição de Espanha em relação ao conflito na Ucrânia.
Depois deste anúncio, os deputados do Partido Socialista espanhol (PSOE) aplaudiram efusivamente, assim como os ministros e deputados de partidos da oposição de direita, mas os membros do Governo do Unidas Podemos permaneceram imóveis nos seus lugares, como a vice-presidente Yolanda Díaz e os ministros Ione Belarra, Irene Montero e Alberto Garzón.
O envio de armas é um dos principais pontos que separou os dois parceiros do governo de coligação nesta crise, uma vez que a extrema-esquerda recusou-se a aprovar o fornecimento de material militar ofensivo, preferindo que o Governo se limitasse a fornecer ajuda humanitária.
"Com toda a lealdade, pensamos que enviar armas é um erro", disse o líder parlamentar do Unidas Podemos, Pablo Echenique.
Durante a sua intervenção, Sánchez já tinha salientado que o seu parceiro minoritário no executivo concordava com a grande maioria das medidas, mas não com o envio de armas, porque "não é eficaz" para pôr fim à guerra.
Por seu lado, a maior formação política da oposição, o Partido Popular (PP) assegurou a Pedro Sánchez que dava um apoio "mais firme e mais fiável" do que o Unidas Podemos face à guerra na Ucrânia.
Com o PP a atravessar um processo de substituição do seu líder, coube à líder parlamentar, Cuca Gamarra, e não o ainda presidente, Pablo Casado, apresentar a posição do partido.
"O apoio oferecido pelo meu grupo e pelo meu partido é mais firme e fiável do que a oposição à NATO e a hesitação na defesa da Ucrânia que alguns membros do governo estão a expressar", salientou Gamarra
A Rússia lançou há quase uma semana, na passada quinta-feira de madrugada, uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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