"A Etiópia pode partilhar muitas lições do seu recente envolvimento numa guerra", afirmou Abiy Ahmed, numa alusão à guerra que o seu próprio país vive, desde novembro de 2020, travada entre o Governo central e a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF).
"A nossa experiência tem mostrado as consequências devastadoras que a guerra inflige às famílias, comunidades, meios de subsistência e à economia em geral", acrescentou Abiy.
Segundo o chefe do Governo, "embora se possa pensar que os efeitos materiais da guerra podem ser facilmente reparados", é o "impacto duradouro no tecido da sociedade que assusta as nações".
A guerra da Etiópia eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando Abiy Ahmed ordenou uma ofensiva contra o FLPT, o partido governamental da região, como retaliação por um ataque a uma base militar federal em Tigray e na sequência de uma escalada de tensões políticas.
Desde finais de outubro de 2021, o FLPT conseguiu avançar para sul e ameaçou com a possibilidade de marchar em direção Adis Abeba, capital da Etiópia, que é também a sede da União Africana.
Os receios de que os rebeldes pudessem atacar a capital da Etiópia - o segundo país mais populoso de África e um importante aliado do Ocidente - estimularam os esforços diplomáticos da comunidade internacional para se alcançar uma solução negociada.
No entanto, em 11 de fevereiro, a Representante Especial da União Europeia (UE) para o Corno de África, Annette Weber, lamentou que a Etiópia ainda esteja "longe" de encontrar uma solução pacífica para o conflito, embora os rebeldes do Tigray tenham anunciado a retirada das suas tropas para os limites do território daquela região e o governo central tenha libertado vários rebeldes e prisioneiros políticos no final de dezembro último.
Segundo a ONU, cerca de 5,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária em Tigray e nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.
Além disso, milhares de pessoas foram mortas e cerca de dois milhões foram forçadas a fugir das suas casas devido à violência.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
Leia Também: Etiópia. Libertado último trabalhador da ONU que estava detido