"Prevemos que mais de dez milhões de pessoas possam fugir das suas casas se a violência continuar, incluindo quatro milhões que podem atravessar para países vizinhos", disse hoje Stéphane Dujarric, o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Em sete dias de conflito, mais de um milhão de refugiados já deixaram a Ucrânia, um país com cerca de 43 milhões de cidadãos, para países vizinhos, especialmente a Polónia, segundo dados da agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
A UNICEF indicou que metade deste total, ou seja cerca de meio milhão, são crianças, num comunicado em que disse esperar que os números continuem a aumentar rapidamente nos próximos dias.
Entretanto, há menos detalhes sobre o número de deslocados internos, embora a ONU note que a principal companhia ferroviária ucraniana já tinha notificado em 28 de fevereiro a retirada de mais de 500.000 pessoas das zonas de conflito, principalmente de partes do leste e centro do país, em direção ao oeste.
O porta-voz disse que as Nações Unidas ainda estão a trabalhar para reforçar a sua resposta humanitária e que, embora tenha retirado parte do seu pessoal de Kiev, outros funcionários permanecem na capital ucraniana e estão a apoiar a retirada de civis e a prestação de assistência.
A ONU confirmou a morte de 249 civis e ferimento de outros 553 desde o início da guerra, embora advertindo que os números reais podem ser muito superiores.
A comissária europeia dos Assuntos Internos revelou hoje que a Europa já acolheu perto de um milhão de refugiados ucranianos e alertou que "milhões mais" chegarão em fuga da guerra.
"Já recebemos na Europa quase um milhão de refugiados da Ucrânia. Vamos assistir [à vinda de] milhões mais", disse Ylva Johansson, numa conferência de imprensa após uma reunião de ministros dos Assuntos Internos da UE, na qual foi alcançado um "acordo histórico" para ativar, pela primeira vez, a diretiva que concede proteção temporária no bloco a refugiados.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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