Depois das sanções europeias de que a Rússia tem sido alvo desde o início da invasão à Ucrânia, Moscovo ameaça abertamente, pela primeira vez, retaliar com o corte do gás natural para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1.
Um "embargo ao transporte de gás através do gasoduto" seria justificado tendo em conta as "alegações infundadas contra a Rússia sobre a crise energética na Europa e a proibição do Nord Stream 2", disse o vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak.
De acordo com o primeiro-ministro russo, Moscovo ainda não tomou a decisão, mas, segundo Novak, vê-se pressionada a fazê-lo perante as acusações de políticos europeus.
Refira-se que o gasoduto Nord Stream 1 é uma importante porta de entrada de gás na Alemanha e noutros países da Europa. "A Europa consome atualmente 500 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano, 40% dos quais são garantidos pela Rússia", explicou Nowak. E não está errado.
Só no gasoduto Nord Stream 1, passaram, em 2021, 59,2 mil milhões de metros cúbicos de gás natural que chegaram aos consumidores na Europa. Isto significa um impacto significativo em caso de corte.
Como um eventual corte afetará Portugal
Pertencendo à Europa, Portugal não deixa de ser afetado por um corte energético por parte da Rússia.
Ora, sendo o gás uma matéria-prima cujo preço é fixado internacionalmente e é volátil, um corte no fornecimento do gás natural implicará inevitavelmente uma subida dos preços na generalidade dos países europeus, visto que agravará a cotação do gás. Portugal não é exceção.
Por consequência, também os preços na eletricidade terão de ser ajustados - visto que a matéria-prima para produzir eletricidade, o gás, é mais cara.
O efeito dominó do aumento do preço do gás torna-se assim inevitável.
Apesar do cenário negro, o Governo garantiu no dia 24 de fevereiro, primeiro dia da invasão russa à Ucrânia, que tinha salvaguardado o abastecimento dos sistemas nacionais de gás e petróleo, caso a Rússia cortasse o fornecimento à União Europeia.
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