Alguns dos estudantes que estiveram retidos em abrigos na Ucrânia desde o início do conflito com a Rússia têm deixado duras críticas a Pequim e ao trabalho da embaixada chinesa em retirá-los do país.
Um destes jovens, que preferiu manter o anonimato ao falar com o The Guardian, explica que, para além de a embaixada não ter atendido os telefones logo após a Rússia invadir a Ucrânia, também não houve cuidados em termos de prevenção. “Não sei por que razão a embaixada não nos informou de que a guerra poderia acontecer, quando os outros países aconselharam os seus cidadãos a ir embora dias antes de tudo acontecer”, explicou o jovem, de 22 anos, à publicação britânica.
Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China disse que podiam “contar sempre” com o país - uma declaração que foi propagada por todos os meios de comunicação chineses. Em resposta, as críticas começaram a surgir, denunciando também informações contraditórias. Segundo o The Guardian, a embaixada terá aconselhado os cidadãos a colocar uma bandeira chinesa nos seus veículos, para, mais tarde, pedir que fizessem o contrário e não colocaram símbolos que os pudessem identificar.
Ainda antes de as tropas russas invadirem o território ucraniano, os cidadãos estrangeiros foram aconselhados pelos Governos dos seus países a abandonar o país. No caso da China, onde os média, que são ainda mais controlados do que na Rússia pelo poder estatal, este aviso aconteceu apenas no dia anterior à invasão russa. “Já era demasiado tarde para fugir”, explicou à mesma publicação Yun Sun, diretor programa da China na organização Stimson Center, em Washington.
Apesar deste e de outros testemunhos recolhidos pelo The Guardian, em que o governo de Xi Jinping tem sido criticado pela falta de prudência que tiveram com os quase seis mil cidadãos que residem na Ucrânia, há quem defenda o contrário.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kyiv, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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