"A aliança da NATO está mais forte e a Rússia está mais fraca, por causa do que [o Presidente russo, Vladimir] Putin fez. Isso é muito claro para nós", disse Harris, enquanto o seu anfitrião, o Presidente polaco, Andrzej Duda, denunciava a "barbárie" das forças russas, numa agressão que comparou a "genocídio".
Kamala Harris aproveitou para confirmar que duas baterias de sistemas antimísseis Patriot tinham sido colocadas na Polónia, numa prova do "compromisso" dos Estados Unidos para com os seus aliados europeus.
A vice-Presidente norte-americana lembrou ainda que os Estados Unidos enviaram mais 4.700 soldados para a Polónia, para além dos 5.000 que já se encontram estacionados neste país da Europa de Leste.
Harris disse ainda que o seu Governo vai entregar 50 mil milhões de dólares (cerca de 45 mil milhões de euros) de ajuda à Ucrânia, através do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.
Numa conferência de imprensa conjunta com Duda, a vice-Presidente dos Estados Unidos concordou com os pedidos de uma investigação internacional de crimes de guerra por parte da Rússia na invasão da Ucrânia e o bombardeamento de alvos civis, incluindo uma maternidade.
"Deve haver uma investigação e todos devemos estar atentos", disse Harris, que evitou acusar explicitamente a Rússia de crimes de guerra.
Kamala Harris também elogiou hoje o povo polaco pela sua generosidade, ao acolher mais de um milhão de refugiados, mas as divergências entre Varsóvia e Washington sobre o plano polaco de enviar aviões de caça de fabrico soviética para uma base na Alemanha, para uso por parte da Ucrânia, ensombraram a visita da vice-Presidente à Polónia.
A proposta foi lançada publicamente pela Polónia - sem antes consultar os EUA - dias depois de o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter dito que o Governo do Presidente Joe Biden estava "muito ativamente" a analisar uma proposta de as Forças Armadas polacas fornecerem aviões MiG-29 a Kiev, recebendo em troca F-16 dos Estados Unidos.
Contudo, na quarta-feira, o Pentágono fechou a porta à hipótese de a NATO transferir aviões de combate para a Ucrânia, alegando que poderia levar a uma escalada do confronto entre Kiev e Moscovo.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 2,3 milhões de pessoas para os países vizinhos -- o êxodo mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 15.º dia, provocou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares, segundo várias fontes.
Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje a morte de pelo menos 549 civis e 957 feridos.
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