Na passada quarta-feira, as Nações Unidas já alertavam para o risco crescente de violência, exploração e abuso sexual em relação às mulheres e crianças que abandonam a Ucrânia, sendo estas um alvo frágil.
Grupos de ajuda, citados pelo jornal Guardian, estão agora a relatar o desaparecimento de crianças e tráfico de pessoas ao longo das fronteiras na Ucrânia.
O caos da crise de refugiados - que levou mais de 2,5 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia após a invasão russa iniciada há 17 dias - tem vindo a aumentar o risco deste tipo de crime.
Grupos de solidariedade e direitos humanos que trabalham em países vizinhos para receber refugiados relatam já ter conhecimento de casos de tráfico, crianças desaparecidas, extorsão e exploração.
Karolina Wierzbińska, coordenadora da Homo Faber, uma organização de direitos humanos com sede em Lublin, na Polónia, relata que há crianças a serem enviadas sozinhas pelos pais desesperados para encontrar familiares ou amigos do outro lado da fronteira ucraniana, no entanto, muitas chegam e não encontram ninguém conhecido para as acolher.
"É obviamente extremamente angustiante para uma criança e pode levá-la a vaguear pela estação sozinha, desorientada e, na pior das hipóteses, desaparecer completamente. Este, infelizmente, não é um caso hipotético – já aconteceu”, disse Wierzbińska.
“Também já estamos a receber relatos de casos de tráfico de pessoas e de mulheres a quem lhes é oferecido trabalho na Polónia apenas para descobrirem que o local de trabalho é ilegítimo, o empregador maltrata-as ou recusa-se a pagar o salário em dia. Há casos de extorsão de documentos pessoais ou dinheiro", acrescenta a coordenadora da Homo Faber.
Mais de 2,5 milhões de pessoas, maioritariamente mulheres e crianças (a lei marcial impede homens entre os 18 e os 60 anos a abandonar o país), abandonaram a Ucrânia nas últimas duas semanas em busca de abrigo e segurança.
A invasão dura há já 17 dias e as tropas russas encontram-se agora a cerca de 25 quilómetros da capital ucraniana, Kyiv.
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