Putin nunca achou que a guerra que projetou para ser travada em dois dias durasse tanto. E agora, que já passaram mais de duas semanas desde que começou a invasão na Ucrânia, os funcionários dos serviços secretos dos EUA traçam o perfil de como está o presidente russo.
Vladimir Putin está a projetar raiva, frustração com as falhas dos seus militares e vontade de causar ainda mais violência e destruição na Ucrânia, diz a avaliação avaliação citada pela AP News.
Os funcionários dos serviços secretos dos EUA disseram nos últimos dias que estão preocupados com a possibilidade de o presidente russo escalar o conflito para tentar quebrar a resistência da Ucrânia, sendo que a Rússia ainda detém vantagens militares esmagadoras e pode bombardear o país durante mais semanas.
Putin permanece isolado da pressão doméstica, pelo que o diretor da CIA, William Burns, já veio afirmar que este permanece numa "bolha de propaganda".
Na semana passada, vários responsáveis dos serviços de informação norte-americanos falaram perante no congresso dos EUA e manifestaram preocupação com as próximas ações de Putin, que nas últimas duas décadas conseguiu impor-se na Rússia de forma total, rodeando-se de um círculo restrito de oligarcas e capaz de eliminar a oposição.
Há muito que critica a desagregação da União Soviética, rejeita as reivindicações de soberania da Ucrânia, e fala de uma guerra nuclear que termina com os russos como "mártires". Burns disse aos legisladores que acreditava que Putin estava "a cozinhar numa combinação inflamável de rancor e ambição por muitos anos".
Burns, um antigo embaixador dos EUA em Moscovo que já se encontrou muitas vezes com Putin, disse que não acreditava que Putin fosse louco, referindo-se às dúvidas mundiais sobre o estado mental do presidente.
Putin esperava ganhar Kyiv em dois dias, mas em vez disso, os seus militares não conseguiram tomar o controlo das grandes cidades e já perderam vários milhares de soldados. O Ocidente impôs sanções e outras medidas que paralisaram a economia russa e diminuíram o nível de vida tanto dos oligarcas como dos cidadãos comuns. Grande parte da moeda estrangeira que a Rússia tinha acumulado contra sanções está agora congelada nos bancos no estrangeiro.
"Penso que Putin está zangado e frustrado neste momento", pelo que é de esperar que tente desgastar o exército ucraniano sem respeito pelas vidas civis, reiterou.
Já Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional da Casa Branca, admite que Putin olha para este conflito como uma guerra "que não pode dar-se ao luxo de perder", mas que aquilo que o Kremlin poderá aceitar como vitória "pode mudar ao longo do tempo, dados os custos significativos em que ele está a incorrer".
Os analistas dos serviços de informação consideram que o recente aumento do nível de alerta nuclear da Rússia por Putin "teve provavelmente como objetivo dissuadir o Ocidente de fornecer apoio adicional à Ucrânia", disse.
Com o crescimento das perdas russas, o Ocidente, assinala a AP, está também à procura de brechas na "bolha de propaganda" de Putin e a expectativa é a de que os russos comecem a responder de forma negativa à governação de Putin perante o declínio das condições de vida em consequência das sanções aplicadas a Moscovo uma vez que a máquina de propaganda não abranda, com os meios de comunicação a transmitir uma versão dos factos que responsabiliza pela guerra os EUA e o governo ucraniano.
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