Este foi o primeiro encontro entre Olaf Scholz e Recep Tayyip Erdogan, cujos países pertencem à NATO, desde a chegada ao poder do sucessor de Angela Merkel (2005-2021), com a qual o Presidente da Turquia manteve uma relação particular.
Em conferência de imprensa conjunta, Scholz e Erdogan sublinharam a qualidade do seu diálogo, numa "atmosfera de sinceridade" segundo Erdogan e durante um encontro "construtivo e produtivo" para Scholz, que saudou "os esforços da Turquia a favor de uma solução diplomática".
Interrogado sobre a neutralidade do seu país neste conflito, Erdogan disse pretender "conservar as suas relações de amizade com [o Presidente ucraniano Volodymyr] Zelensky e [o Presidente russo Vladimir] Putin".
"Enviámos a ajuda necessária à Ucrânia e vamos prosseguir", repetiu.
Ancara fornece desde 2019 drones de combate a Kiev, utilizados ainda antes do início do conflito e agora dirigidos contra as colunas de veículos militares russos. "A Turquia enviou armas à Ucrânia, não apenas ajuda humanitária. Devemos ter isso em consideração", sublinhou o chanceler alemão.
Aliado tradicional de Kiev, o chefe de Estado turco condenou a invasão russa no primeiro dia do conflito, em 24 de fevereiro, mas absteve-se de aderir às sanções ocidentais contra Moscovo.
Scholz, que se deslocou a Moscovo antes do início dos combates, já falou por diversas vezes com Vladimir Putin e optou pelo rearmamento da Alemanha.
No sábado, contactou com Putin e com o Presidente francês, Emmanuel Macron, um dia após a cimeira europeia em Versalhes, perto de Paris.
Na perspetiva de Günter Seufert, investigador do Instituto alemão de assuntos internacionais e de segurança, a visita do chanceler alemão deverá permitir consolidar as relações de Ancara com os ocidentais.
"Ninguém pediu à Turquia de se juntar às sanções contra a Rússia, mas que pelo menos não as sabote", indicou em declarações à agência noticiosa AFP.
Scholz também saudou os esforços de Erdogan na região, citando Israel e a Grécia cujos dirigentes - o Presidente israelita, Isaac Herzog, e o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis - foram recebidos nos últimos dias na Turquia.
"Temos desacordos, opiniões divergentes sobre os direitos humanos, o Estado de direito (...), mas esperamos que sejam ultrapassadas em breve", indicou ainda o chanceler.
A visita de Scholz inscreve-se numa sequência diplomática intensa para a Turquia, que acolheu na semana passada em Antália (sul) as primeiras conversações diretas entre os ministros dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e ucraniano, Dmytro Kubela, desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os dois ministros fracassaram em concluir um cessar-fogo, mas comprometeram-se com o diálogo entre os dois países.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais 2,8 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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