"Esta conferência é sobre a governação económica, mas não podemos separar essa conversa dos acontecimentos globais e das prioridades estratégicas da UE e, embora nos últimos anos tenhamos dado passos significativos na intensificação da cooperação em matéria de defesa, a magnitude dos acontecimentos que enfrentamos representa um momento decisivo para a Europa", disse Ursula von der Leyen.
Numa intervenção por vídeo numa conferência no Parlamento Europeu sobre estabilidade, coordenação económica e governação, em Bruxelas, a líder do executivo comunitário apontou que "a ameaça militar à Europa causou mudanças fundamentais", dada a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.
Em concreto, "todos os Estados-membros terão agora de rever a estrutura e postura das forças nacionais e já é claro que estamos coletivamente a enfrentar uma enorme lacuna de investimento", elencou.
Segundo Ursula von der Leyen, "defender a Europa da agressão militar russa requer um nível diferente de cooperação, desde a inovação e o desenvolvimento até à aquisição e utilização operacional", razão pela qual a responsável anunciou que apresentará, "até maio, uma análise das necessidades, lacunas e oportunidades de investimento em defesa, tanto ao nível nacional como europeu".
"Será crucial que os nossos recursos sejam investidos estrategicamente na elaboração de projetos europeus que assegurem a interoperabilidade no terreno e permitam à nossa indústria de defesa escalar para além das fronteiras nacionais e precisamos de gastar não só mais, mas também mais e juntos", sustentou a responsável.
E afincou: "É tempo de a nossa União Europeia de Defesa entrar em cena".
Numa altura em que se estima que mais de três milhões de pessoas, incluindo mais de 1,4 milhões de crianças, fugiram para os países vizinhos da Ucrânia, Ursula von der Leyen observou que "milhões de ucranianos estão a procurar abrigo na União Europeia, arrancados das suas famílias e do seu país pelas bombas de Putin [Presidente russo]".
Avançando que a UE já mobilizou cerca de 500 milhões de euros em ajuda humanitária, a líder da instituição anunciou que "mais virá", aludindo à previsão de "mobilizar milhares de milhões de euros a partir de fundos não utilizados no orçamento" europeu para "ajudar os Estados-membros a agir rápida e humanamente para reconstruir centros de acolhimento, hospitais e escolas móveis para crianças e fornecer apoio ao emprego de adultos ou instalações de acolhimento de crianças".
"A União Europeia está unida à Ucrânia, mas todos sabemos que não se trata apenas de uma crise humanitária, isto vai muito mais além [...], constituindo uma mudança tectónica na história europeia", adiantou Ursula von der Leyen.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 691 mortos e mais de 1.140 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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